• Sem categoria

Cerimônia fúnebre II

Se ela renasceu no mundo dos deuses ou Devas, nada podemos fazer para ajudá-la nesta nova existência. Tampouco poderíamos fazer algo no caso dela ter renascido no Inferno, no Mundo Animal ou no mundo dos Asuras. Mas se ela renasceu no mundo dos ‘Petas’, podemos ajudá-la. Um peta não consegue o suficiente para comer, o suficiente para beber e nem roupa o suficiente para cobrir seu corpo. Está sempre com fome, com sede e carente de todas as necessidades da vida. É para ajudar esses seres que realizamos cerimônias durante ou após o funeral. Mas como nunca podemos saber onde o finado renasceu, realizamos cerimônias fúnebres sempre que uma morte acontece, de tal modo que se o finado renasceu no Mundo dos Petas, ele possa se beneficiar de nossa cerimônia aqui, e mesmo se ele veio a renascer em outro lugar, podemos adquirir méritos para nós mesmos.

A cerimônia pode ser realizada deste modo:

Deve-se convidar bhikkhus à casa onde a pessoa morreu ou ao cemitéro. O defunto deve ser colocado ante os bhikkhus. Os parentes devem então se reunir e tomar ‘Panca Sila’ com os bhikkhus. Então devem dar aos bhikkhus alguma coisa do falecido — uma peça de roupa é o usual—, e em seguida devem convidar o falecido a tomar parte do mérito pela ação meritória se rejubilando nela. Se o falecido puder vir e se rejubilar nela, i.e. proclamar ‘Sadhu! Sadhu!’, ele estará livre naquele mesmo momento do estado doloroso em que caiu e irá desfrutar de roupas, ornamentos, moradas etc. divinos, e será grato a seus parentes.

Novamente, sete dias após a morte, deve-se oferecer alimento aos bhikkhus. O mesmo procedimento deve ser repetido então, e o falecido deve ser convidado para tomar parte do mérito se rejubilando na ação meritória.

Como resultado desta oferta de alimento, ele poderá desfrutar de alimento divino lá. Então, para resumir, a cerimônia ligada à morte de uma pessoa deve ser realizada duas vezes; uma ao enterro ou cremação, e novamente sete dias após a morte. Ambas devem ser feitas com a intenção de ajudar o falecido, se por qualquer kamma ruim ele houver renascido no Mundo dos Petas.

dhanapala

Este é o blog pessoal de Ricardo Sasaki, psicoterapeuta, palestrante e professor autorizado na tradição buddhista theravada (Upasaka Dhanapala) e mahayana (Ryuyo Sensei), tradutor, autor e editor de vários livros, com um grande interesse na promoção e desenvolvimento de meios hábeis que colaborem na diminuição real do sofrimento dos seres, principalmente aqueles inspirados nos ensinamentos do Buddha. Dirige o Centro de Estudos Buddhistas Nalanda e escreve no blog Folhas no Caminho. É também um dos professores do Numi - Núcleo de Mindfulness para o qual escreve regularmente. Para perguntas sobre o buddhismo, estudos em grupo e sugestões para esta coluna, pode ser contactado aqui: biolinky.co/ricardosasaki

Você pode gostar...