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A Busca pela Identidade

O Buddhismo no Brasil é algo tão recente, quando comparado à sua introdução em outros países tradicionais, que tudo ainda é muito novo para termos uma idéia precisa de como se desenvolverá sua implantação em nosso solo. Para mim, os vários grupos e centros sérios que hoje existem aqui, são oportunidades da prática de adaptação, como que um experimentar com alternativas, cheirar novos aromas, sondar novos terrenos.
No mês de setembro em Belo Horizonte, tivemos a grata presença do professor Cláudio Miklos (Tam Huyen Van) da tradição do zen vietnamita. Não foi a primeira vez que ele veio para dar um workshop para nós, e dessa vez o tema foi a Arte do Origami e o Cultivo da Paciência. Tam Huyen Van é um praticante e professor antigo do Buddhismo e que eu considero como um dos mais sérios e responsáveis atuando no Brasil. Foi uma honra tê-lo conosco, aprender das artes e de seu jeito de ser. Arte japonesa, zen vietnamita, professor carioca e espaço mineiro. Esse espaço de experimentação abre tantas possibilidades. Uma delas é a da Dialética da Compreensão, abordada pelo professor Miklos e que nos incita a Falar e Ouvir Contemplativamente.

Já em outubro, foi a vez de um carioca radicado em Minas falar na bela cidade de Niterói, no Rio de Janeiro. Contando com a terna hospitalidade da família Carino, e a generosidade do convite do casal Flávio e Fátima do Grupo Shunya de Estudos e Práticas Buddhistas, o tema escolhido foi “Buddhismo no Brasil: A Busca pela Identidade”, igualmente uma tentativa de traçar perspectivas nessa tão imprevisível migração de culturas e idéias. Trinta e oito pessoas estiveram presentes, ouvindo, perguntando e compartilhando indagações no ambiente acolhedor do Shunya. Uma parte inicial da palestra pode ser encontrada aqui.

Esses dois eventos, acredito, são exemplos de experimentações importantes no caminho de um Buddhismo brasileiro, com trocas intelectuais e práticas entre grupos e escolas diferentes, que têm, entretanto, a unidade comum da confiança nas Três Jóias.

dhanapala

Este é o blog pessoal de Ricardo Sasaki, psicoterapeuta, palestrante e professor autorizado na tradição buddhista theravada (Upasaka Dhanapala) e mahayana (Ryuyo Sensei), tradutor, autor e editor de vários livros, com um grande interesse na promoção e desenvolvimento de meios hábeis que colaborem na diminuição real do sofrimento dos seres, principalmente aqueles inspirados nos ensinamentos do Buddha. Dirige o Centro de Estudos Buddhistas Nalanda e escreve no blog Folhas no Caminho. É também um dos professores do Numi - Núcleo de Mindfulness para o qual escreve regularmente. Para perguntas sobre o buddhismo, estudos em grupo e sugestões para esta coluna, pode ser contactado aqui: biolinky.co/ricardosasaki

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3 Resultados

  1. Anonymous disse:

    Dhanapala,
    Obrigado por sua resposta.
    Desculpe-me por esquecer de assinar a pergunta,
    Beto

  2. Dhanapala disse:

    Acredito que não. No passado, cada cultura assumiu em maior ou menor grau certos elementos da cultura local. Mas divindades no mundo ocidental não pertencem à cultura local dominante. A cultura local dominante aqui está mais ligada à psicologia, à física, a alternativas-saúde e programas de “nova era”, então me parece que seria de se esperar que em nível popular o Buddhismo se aproximaria de tais elementos, pincelados com toques de religiosismo teísta. E de um outro lado, centros mais tradicionais tentariam preservar elementos mais profundos.

  3. Anonymous disse:

    Olá, Será que esta identidade brasileira será muito sincrética?
    Incluindo divindades hindus, africanas, cristãs…? Numa confusão em que Buddha, Cristo e Krishna serão entendidos como “a mesma coisa” com nomes diferentes?
    Seria isso Buddhismo? Tropical ou não?