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“Quatro Vias do Poder” (iddhipāda)

Dentre as mais magníficas ferramentas estão as “Quatro Vias do Poder” (iddhipāda). Essas quatro vias ou bases são estimuladoras da estabilidade mental. A primeira delas é o desejo e as atividades volitivas ligadas ao esforço. O Buddha incentiva que o caminho espiritual seja movido pelo desejo. Vemos aqui novamente o uso do desejo no sentido positivo. O bom desejo tem intenção. O bom desejo tem propósito. O bom desejo almeja uma mente centrada e estável. Se o desejo, no entanto, se distrai na direção de objetos sensoriais, para o prazer ou para as coisas superficiais, ele deixa de ser uma base para o poder espiritual. Do mesmo modo, o desejo tenso ou contido, sem a amplidão dada pela visão do caminho, é inútil como fator para a estabilização mental.

A segunda via ou base do poder espiritual é a energia e as atividades volitivas ligadas ao esforço. A energia põe em ação o desejo pelo objetivo almejado. Poderíamos dizer que este não é um caminho para os fracos. Não é para os indolentes, nem para os preguiçosos. A pouca energia é inútil. Muita energia acompanhada de agitação também de nada serve. Ela cria inquietude, dispersa os esforços.
A terceira via ou base consiste da mente e das atividades volitivas ligadas ao esforço. Aqui o Buddha incentiva que avaliemos o estado da mente. A mente está desleixada? Ou está tensa? Está constrita internamente ou distraída externamente? Queremos desenvolver um estado mental aberto, amplo, luminoso.

Finalmente, a investigação e as atividades volitivas ligadas ao esforço completam as vias ou bases do poder espiritual. É incentivado o esforço contínuo na faculdade de investigação da realidade. A investigação deve ser bem dirigida e focada nos objetivos supremos. O praticante tem interesse, curiosidade, dedicação em aprender e inquirir. As “Quatro Vias ou Bases do Poder” são ferramentas à nossa disposição, meios para a obtenção dos frutos do caminho.

dhanapala

Este é o blog pessoal de Ricardo Sasaki, psicoterapeuta, palestrante e professor autorizado na tradição buddhista theravada (Upasaka Dhanapala) e mahayana (Ryuyo Sensei), tradutor, autor e editor de vários livros, com um grande interesse na promoção e desenvolvimento de meios hábeis que colaborem na diminuição real do sofrimento dos seres, principalmente aqueles inspirados nos ensinamentos do Buddha. Dirige o Centro de Estudos Buddhistas Nalanda e escreve no blog Folhas no Caminho. É também um dos professores do Numi - Núcleo de Mindfulness para o qual escreve regularmente. Para perguntas sobre o buddhismo, estudos em grupo e sugestões para esta coluna, pode ser contactado aqui: biolinky.co/ricardosasaki

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