Buddhismo 3.0

O Buddhismo japonês foi extremamente influenciado pela cultura japonesa medieval e, por essa razão, desenvolveu um modo ‘marcial’ não encontrado em outros países. A extrema demonstração de respeito, os gestos controlado, o passo comedido, a hora precisa e pré-determinada para falar, comer, meditar. É interessante, então, que depois de séculos tentativas de modernizar o formato antigo comecem a aparecer.

budismo no japãoDois sacerdotes do zen, influenciados pelos seus anos de ensino no Ocidente, estão modificando o modo de ensino para algo que chamam de “Buddhismo 3.0“. Para eles, “o Buddhismo Mahayana tal como praticado no Japão, após ter chegado ao país via China e península coreana, é o ‘Buddhism 1.0’”. Ryodo Yamashita, que estudou o Buddhismo Theravada em Myanmar, juntamente com Issho Fujita, agora percorrem o país realizando workshops em que promulgam “uma fusão do estilo japonês de Buddhismo com o Buddhismo Theravada, numa ‘versão 3.0 da religião, na qual as práticas de meditação não se limitam àqueles pertencentes ao Zen Buddhismo“. Eles dizem: “A própria fundação do Buddhismo compartilhado por todas as escolas da religião é uma retorno ao Buddha meditando sob a árvore Bodhi“.

Ainda que isso possa ser uma grande novidade no Japão, com um potencial de renovar as estruturas que resistem em se renovar, o Buddhismo 3.0 em si não é uma novidade no Ocidente e mesmo no Brasil, onde diversos centros e professores já ensinam técnicas mistas inspiradas em mais de uma tradição exclusiva.

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Nesta semana publicamos “O Eu é Pesado“do grande mestre tailandês Ajahn Buddhadasa. Essa é mais uma contribuição do grupo de Tradução do Nalanda. Tan Ajahn tem um estilo direto inconfundível. Olhe o que ele tem a dizer: “Adicionando ego – algumas pessoas chamam de ‘espírito’ ou ‘alma’ , esta ideia de que há uma substância eterna que faz de você ‘você’, que faz você um indivíduo especial, uma personalidade separada – é o que torna a vida um peso . Então, se você é sábio, você aprende a distinguir entre a vida pura da mente e do corpo, nada mais que a mente o corpo, e a opressão, a vida pesada onde você adicionou esta coisa chamada ego“.

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Nesta semana o livro “Joias Raras do Ensinamento Buddhista, uma antologia de textos selecionados publicados por Edições Nalanda, completou 59 dias entre os 100 mais vendidos na Amazon. 59 dias entre os 100 mais da Amazon! O ebook pode ser adquirido neste link
Enquanto que a versão impressa está aqui.

Eis um trecho do capítulo escrito pelo Venerável Bhikkhu Bodhi: “A meu ver, nosso futuro coletivo exige que formemos um tipo integral de espiritualidade que possa abarcar os três domínios da vida humana. Isso implicaria seguir em uma nova trajetória. A busca espiritual, desde os tempos antigos até o presente, moveu-se principalmente ao longo de uma trilha ascendente: que leva das trevas para a luz, do condicionado para o incondicionado, da mortalidade para a imortalidade. Nossa tarefa, hoje, no meu entendimento, é complementar o movimento espiritual ascendente com um movimento descendente, um gesto de amor e graça que desce das alturas da realização para os vales de nossas vidas comuns“.

dhanapala

Este é o blog pessoal de Ricardo Sasaki, psicoterapeuta, palestrante e professor autorizado na tradição buddhista theravada (Upasaka Dhanapala) e mahayana (Ryuyo Sensei), tradutor, autor e editor de vários livros, com um grande interesse na promoção e desenvolvimento de meios hábeis que colaborem na diminuição real do sofrimento dos seres, principalmente aqueles inspirados nos ensinamentos do Buddha. Dirige o Centro de Estudos Buddhistas Nalanda e escreve no blog Folhas no Caminho. É também um dos professores do Numi - Núcleo de Mindfulness para o qual escreve regularmente. Para perguntas sobre o buddhismo, estudos em grupo e sugestões para esta coluna, pode ser contactado aqui: biolinky.co/ricardosasaki

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1 Resultado

  1. jorge disse:

    …e dia destes eu ia escrever sobre uma coisa que eu chamaria budismo samurai! um budismo formatado para quem quer samsaricar com honra! mas, felizmente, o bom senso venceu a presunção e eu me aquietei no meu lugar… mas deste meu lugar não posso deixar de me alegrar de haver gente mais além com quem coincido… e, agora sim, importante dizer, embora só minha opinião, também (comentários são bem vindos): interessante que o 3.0 surge do contato com o ‘antiquado’ theravada, não? mais uma vez me alegro, pois quanto mais me antiquadeio, mais certo fico de que buddhismo é só buddhismo, o resto é sobrenome… seja ‘3.0’, ‘ocidental’, ‘engajado’… tudo bobeira! cada sobrenome que o buddhismo ganhou tempo e espaço a fora, mais o buddhismo perdeu…