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Então o Buddhismo é apenas uma filosofia?

do livro “Boas Perguntas, Boas Respostas” de S. Dhammika:

Então o Buddhismo é apenas uma filosofia?

A palavra filosofia provém de duas palavras, ‘philo’ que significa ‘amor ’e ‘sophia’ que significa sabedoria. Então, filosofia é o amor da sabedoria ou amor e sabedoria, ambos os significados descrevem o Buddhismo perfeitamente. O Buddhismo ensina que deveríamos tentar desenvolver nossa habilidade intelectual ao máximo, para que possamos entender claramente. Ele também nos ensina a desenvolver o amor e a bondade de forma que possamos ser como um verdadeiro amigo para todos os seres. Então o Buddhismo é uma filosofia, mas não apenas uma filosofia. Ele é a suprema filosofia.


Uma outra resposta a uma pergunta semelhante pode ser encontrada em meu livro “O Caminho Contemplativo” de 1993:

O Buddhismo é uma religião ou uma filosofia?

Essa é uma pergunta que frequentemente se escuta. Se por “religião” entendermos um conjunto de dogmas e “verdades” já prontas que devem ser cega e inquestionavelmente observadas e acreditadas, então, o Buddhismo não será uma religião. Ou, se entendermos religião como um conjunto de rituais, cerimônias e cultos, assim também o Buddhismo não será religião. Por outro lado, se por “filosofia” entendermos a atividade da razão e lógica humanas, ou o estudo do produto desta atividade “racional”, então, ele não é uma filosofia.


O que, então, é o Buddhismo?

O Buddhismo é o fruto de uma percepção superior e aprofundada da realidade, percebida e experimentada por sábios do passado, seguida e confirmada por experiência própria por outros sábios que os seguiram, e confirmável também, por experiência própria, por todos aqueles que se disponham a seguir alguns dos caminhos por ele apontados com o genuíno amor pelo saber superior (filo-sofia) e com o sincero anseio por religar-se consigo mesmo e com o fundamento último de toda a natureza (religião vem do latim religare). Somente neste sentido podemos falar que é uma religião e uma filosofia.

dhanapala

Este é o blog pessoal de Ricardo Sasaki, psicoterapeuta, palestrante e professor autorizado na tradição buddhista theravada (Upasaka Dhanapala) e mahayana (Ryuyo Sensei), tradutor, autor e editor de vários livros, com um grande interesse na promoção e desenvolvimento de meios hábeis que colaborem na diminuição real do sofrimento dos seres, principalmente aqueles inspirados nos ensinamentos do Buddha. Dirige o Centro de Estudos Buddhistas Nalanda e escreve no blog Folhas no Caminho. É também um dos professores do Numi - Núcleo de Mindfulness para o qual escreve regularmente. Para perguntas sobre o buddhismo, estudos em grupo e sugestões para esta coluna, pode ser contactado aqui: biolinky.co/ricardosasaki

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2 Resultados

  1. Dhanapala disse:

    Se formos acreditar que o Buddhismo é um ensinamento que vem do Despertar do Buddha, então somos forçados a dizer que vem de uma ‘percepção superior’, uma vez que é diferente e superior em relação à da maioria dos homens. Se formos, entretanto, pensar o Buddhismo como o conjunto de práticas, crenças, tradições, preceitos, etc que se desenvolveram a partir dos ensinamentos de Buddha, então pode ser considerado cultura. Tudo depende do que decidimos chamar de ‘Buddhismo’ e nenhuma das duas exclui a outra.

  2. John disse:

    Eu só não acho muito produtiva a noção de ‘percepção superior’. Sobre budismo ser religião ou filosofia, eu gosto bastante da definição do Batchelor, onde ele diz que o budismo é uma cultura. Mais sobre isso pode ser encontrado em seu livro Budismo Sem Crenças.