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Mahayana vs. Theravada I

“Meme” foi um termo cunhado recentemente a fim de expressar “uma unidade de transmissão cultural” que se auto-propaga no meio social, um equivalente no mundo das idéias ao papel dos genes na esfera biológica. Em outras palavras, “memes” são qualquer unidade de informação (pensamentos, idéias, hábitos, conceitos e preconceitos) potencialmente capazes de serem transmitidos de uma pessoa a outra ou de um grupo social a outro. “Memes” não são “verdades”, mas quando bem sucedidos em sua transmissão, ou seja, quando conseguem se transmitir e multiplicar para um largo número de indivíduos, eles podem facilmente se tornar “verdades aceitas”, postulados inquestionáveis para a população em geral.

O mundo buddhista não escapa da influência replicante dos “memes”. “Opiniões e hipóteses”, quando atingem um “nível de propagação”, tornam-se simplesmente “verdades e teorias” estabelecidas, raramente questionadas pela vasta maioria dos indivíduos “contaminados” pelos “memes” específicos.

dhanapala

Este é o blog pessoal de Ricardo Sasaki, psicoterapeuta, palestrante e professor autorizado na tradição buddhista theravada (Upasaka Dhanapala) e mahayana (Ryuyo Sensei), tradutor, autor e editor de vários livros, com um grande interesse na promoção e desenvolvimento de meios hábeis que colaborem na diminuição real do sofrimento dos seres, principalmente aqueles inspirados nos ensinamentos do Buddha. Dirige o Centro de Estudos Buddhistas Nalanda e escreve no blog Folhas no Caminho. É também um dos professores do Numi - Núcleo de Mindfulness para o qual escreve regularmente. Para perguntas sobre o buddhismo, estudos em grupo e sugestões para esta coluna, pode ser contactado aqui: biolinky.co/ricardosasaki

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3 Resultados

  1. Dhanapala disse:

    Oi! Bem, vc toca numa série de coisas interessantes e importantes. Primeiramente, obrigado por me direcionar ao livro de Clemente Nobrega. Tentarei checar, apesar de que confesso ter uma visão bastante particular a respeito da questão toda de ‘evolução’, etc. ‘Memes’ porém, me parece um conceito bastante útil. Nesse sentido concordo bastante com tudo o que vc disse.

    Já quanto à Orkut, acho que o principal que devemos nos lembrar é de manter cada coisa em sua função. Nesse caso, a ferramenta tem como função primária a de ser uma rede social, e não um órgão de produção ou divulgação filosófica. Em outras palavras, é boa para fazer amigos, encontrar antigos, trocar receitas (veja quantas formas há de se comer miojo, por exemplo), mas não para encotnrar respostas para suas questões existenciais ou esclarecimentos sobre filosofia ou religião. O problema ocorre quando as pessoas que lá entram, passam a confiar nas informações que são escritas. Como fenômeno psicológico é muito interessante, e é difícil entender como alguém seriamente interessado em Buddhismo poderia fazer uso de uma rede social como primeira fonte, ou mesmo como fonte única de informação inicial. Como a rede se tornou popular entre brasileiros, então passou a ter uma outra função diferente daquela que foi originariamente imaginada e é isso que é triste e mesmo perigoso. E em relação aos ‘memes’ isso serve até como um outro exemplo, pois através da rede idéias completamente fantasiosas vão se alastrando. Textos de ocultistas são passados como sendo de mestres buddhistas, opiniões pessoais sobre assuntos polêmicos são passados como ortodoxos, seitas repudiadas pela grande maioria das escolas buddhistas são amplamente divulgadas e apoiadas, e os que fazem parte da rede parecem simplesmente ‘comprar’ as afirmativas. Apesar de triste, é o preço que se paga quando se escolhe comprar um produto de categoria inferior.

    Qto à questão do mappô, não apenas o Shin mas quase todas as escolas têm o conceito, apesar de tratarem diferentemente os detalhes. No Theravada, não apenas no sutta citado aparece, mas há passagens no Anguttara, no Digha e várias passagens não-canônicas. ‘A falsificação do Verdadeiro Dharma’ sem dúvida sempre foi um assunto importante para os exegetas buddhistas. Nos tempos atuais, um iniciante ficaria surpreso em saber o quanto é passado como sendo buddhista sem o ser.

    Não, não se preocupe em termos um encontro ofocial do DL com o Sr. da Silva. O governo brasileiro possui fortes laços econômicos com o governo chinês e última coisa que desejaria é perder milhões em contratos fazendo algo que eles não querem. Se a Google se curvou à China, não se poderia ter melhores esperanças em relação ao governo federal atual.

    E quanto ao ‘Budismo ser a proxima mercadoria a ser consumida pela “sociedade do espetaculo”, bem, já o é, faz tempo….

    Obrigado pela colaboração!

  2. Anonymous disse:

    ops digo “memes”
    Perdoe-me o excesso de divagaçoes.
    Dessa vez silenciei meu censor interno..rs e não reli antes do envio. Preferi não correr riscos
    ele sempre corta td…rsr
    abs

    Anallu

  3. Anonymous disse:

    Olá Ricardo,

    Boa essa associação “replicantes, nemes” x Budismo.
    O gene egoista e O relojoeiro cego
    de Richard Dawkins são essas suas fontes? É tem uma versão tupiniquim mais palatavel do Clemente Nobrega – O glorioso Acidente. Não aprecio a psicologia evolucionista, me lembra um behaviorismo maquiado, mas acabei lendo meio que de orelhada, a uns seis anos atrás a pedido de um amigo afim de trocarmos impressões que poderiam ser de utilidade no trabalho que ele fazia de “adestramento” ops digo
    treinamento em empresas, os famosos consultores. Tivemos muitos impasses por conta da leitura que ele fez e o modo como aplicava esses novos conceitos.
    Não sou expert em Budismo seja ele mahayana ou theravada.Penso que as duas visões me são necessárias, depende do momento e das questões
    que tenho em mente.
    Não sei se é coincidencia, mas já tinha pensado em postar algo nesse sentido, não com esses termos, até já havia me esquecido desses livros.Explico-me: como participante observadora da rede orkut, tenho
    feito algumas indagações que muitas vezes não dou conta de responder e elas ficam ai, indo e vindo.
    Acompanho algumas discussões como observadora em torno do tema Budismo e me preocupa o tom, o teor
    e o nivel raso e superficial como são tratados alguns temas. As vezes
    penso: Mas o Budismo está sendo banalizado, vulgarizado. Que budismo é esse do orkut? Algumas seitas pseudo-budistas fazem puro e simples proselitismo visando conversões de “baciada.” Outros
    brincam de questionar, alguns fingem que ensinam – se é que isso é possivel naquele espaço. outros tantos discutem de forma academica, minha impressão é que devoram textos e sites para “despejar” nos tópicos. E mais outros tanto me parecem papagaios, repetem o que ouviram, leram,sem passar pelo crivo da vivencia.Alguns brincam de ser budistas, já que agora é moda. Uns poucos sérios movidos por boa vontade se propoem a pensar e refletir seriamente alguns tópicos.
    Td isso me assusta um pouco. È sou do tempo em que a crença religiosa
    pertencia ao ambito do privado.Te pergunto como vc ve e pensa essas questões? O modus operandis, a ideologia do orkut, bem como suas implicações de curto e medio prazo, me mete medo. Imagino a longo prazo nas futuras gerações.Se vc leu ” 1984″ de George Orwell sabe do falo – é o “Grande-Irmão,” ao vivo e a cores regendo nossas vidas. Me impressiona como os jovens aderem fácil a “novilingua”. O que choca é que apenas 20 anos separa a ficção da realidade e ninguém ou poucos se dão conta disso.
    O tema orkut x Budismo pode render muita reflexão se pararmos para tanto.
    Penso nas relações, nos laços e vinculos que se estabelece, sem a expressão do olhar, o tom de voz, a energia da presença fisica de alguém.Que dialogo é esse, que a mim parece mais falas desencontradas, fragmentadas?
    Penso na cultura voraz e fast-food de nosso tempo em que as novas tecnologias só fazem instrumentalizar isso e as vezes me consolo: Bem mais eu já vivi “meia vida”, mas e dai, mas e a geração dos nossos filhos, netos, as próximas e as outras e outras… e o horror toma conta de mim.
    O Budismo Shin trabalha com o conceito de mappo – decadencia do Dharma, um tema que tenho procurado pesquisar em outras tradições. A poucos dias M. Beisart me indicou o que parece ser o único sutra traduzido em portugues em que o Buda trata um pouco essa questão. Pergunto: vc conhece algo mais no theravada.
    O sutra em questão ( SNXVI-13-A)
    A falsificação do Verdadeiro Dharma, é interessante, já que trata dos falsos profetas. Penso
    que o acesso aos ensinamentos que as novas tecnologias propiciam podem agravar e apressar a banalização do Dharma entre nós. nem bem ele começa a se fixar, corre o risco de fazer agua.
    Aproveito para falar um pouco da
    vinda do DL ao Brasil varonil. fico cá imaginando a cena no Fantastico – que não vejo em hipotese alguma, nessa hora estou vendo Provocações e café filosofico
    da TV Cultura- as celebridades que vão aderir de última hora.
    As imagens de celebridades na fila do beija- mão.
    Será que a Fafá de Belem vai cantar para o DL tb … rsrsr
    Será que o DL tera um encontro oficial com o Sr. da Silva….
    Como “A sociedade do Espetaculo”-
    vide Guy Debord vai lidar com isso?
    O que sempre gostei no Budismo é que ele nao precisa das instituições, ele tem a sua pópria.
    Não sou elitista, mas me preocupa
    essa massificação do Budismo via orkut. As listas de discussão, sempre me pareceram mais seletivas
    pela propria forma como funcionam, mas agora sei não….
    Talvez eu tenha fugido um pouco da questão Mahayana X Theravada,minhas limitações me impedem de faze-lo.O
    que a mim suscita um grande mal
    estar e preocupação são essas indagações fruto de observação silenciosa e reflexiva.
    Confesso que tenho medo de que o
    Budismo seja a proxima mercadoria a ser consumida pela “sociedade do
    espetaculo.”

    Metta

    Anallu