Um dos ensinamentos comuns no Zen Coreano diz respeito à reflexão sobre a “situação correta, relacionamento correto, função correta”. É algo que exponho sucintamente em um dos capítulos de meu recente livro. Também no Theravada vimos a questão das funções do Dhamma e de que um de seus significados é a aplicação apropriada dos princípios. A falta de conhecimento dessas coisas cria por vezes situações curiosas.
Aqueles que se aproximam do Buddhismo têm já uma idéia pré-concebida deste e, mesmo depois de anos de estudo ou mesmo prática, preservam certos comportamentos que julgam ser compatíveis com sua idéia de ‘vida buddhista’. Então, quando há alguma situação de alegria, motivos de felicidade, a pessoa começa a falar de sofrimento e impermanência. São os pessimistas e sérios. Outros, que colocaram na mente que o Buddhismo não é uma filosofia pessimista, mas, pelo contrário, o ápice do otimismo, passam a ver todas as coisas, mesmo as nem tão merecedoras, como grandes oportunidades e aprendizados. São os otimistas e alegres exagerados.
Havia também no tempo do Buddha alguém que combinava ambas características. Caracterizado como tolo e de pouca inteligência, esse monge simplesmente não conseguia dizer alguma coisa apropriada no momento certo. Em ocasiões alegres, ele falava coisas tristes; em ocasiões tristes, falava de coisas alegres e engraçadas. E o pior é que nem tinha vontade de aprender. Sua tolice era tanta que, inspirado nele, um dia o Buddha proferiu os versos que hoje aparecem no Dhammapada 152:
O indivíduo de pouco aprendizado
Envelhece como um boi.
Sua carne aumenta,
Mas não aumenta sua sabedoria.
É uma grande lição para sempre nos esforçarmos a aprender mais e mais. Ah, a imagem acima é da bela Birmânia (Myanmar).