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Tempestade

Prosseguindo com a questão dos significados da palavra ‘dhamma’, Rewata Dhamma Sayadaw diz algo que se encaixa perfeitamente na exposição que vinhamos fazendo até agora. Ele diz:

O ensinamento do Buddha pode ser resumido na palavra ‘Dhamma’. Esta palavra significa ‘verdade’ ou ‘aquilo que realmente é’. Dhamma significa também lei, a lei que existe no coração e mente de um ser humano; é o princípio da correção que existe não apenas nos seres humanos, mas no universo também. Todo o universo é uma revelação do Dhamma. O Buddha apelou aos seres humanos para que fossem nobres, puros e caridosos, não a fim de agradar uma divindade suprema, mas a fim de serem verdadeiros à mais alta verdade dentro de si mesmos. Se alguém vive em acordo com o Dhamma ele/a poderá escapar do sofrimento e realizar o nibbana. Entretanto, até que se possa aquietar a tempestade no próprio coração e estender a compaixão a todos os seres, não será possível dar nem mesmo o primeiro passo na direção a esta finalidade” (FD 14).

Como diz o velho provérbio, “Depois da tempestade, vem a calmaria“, mas na vida de Dhamma, esse aquietamento não vem como algo natural e automático, mas a partir de muito trabalho e trabalho, feito no mais íntimo dos recantos. Ao contrário do movimento modernista de exteriorização, onde o que importa é o número e a aparência, e que, infelizmente, invade até mesmo as religiões e seus adeptos, o caminho para fora da tempestade é aquele feito no interior e na noite. Como dizia o poeta John Donne já no século XVI: “Para ver apenas Deus, eu fico longe da vista; e para escapar dos dias tempestuosos, escolho uma noite sempre duradoura“. Há alguém ainda hoje disposto a entrar na noite escura?

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