Antes de mais nada, um agradecimento pelos emails e msgs enviados pelos vários amigos. Começo de ano, e as costumeiras esperanças de um mundo melhor, bem como os pedidos de paz, saúde, felicidade e qualquer outra coisa que as pessoas achem importante em suas vidas.
Freqüentemente tais pedidos são dirigidos para ‘entidades’ fora de nós mesmos. Mesmo buddhistas, que poderiam estar mais imunes devido à natureza não-teísta de sua religião, acabam por confiar em fatores externos para a solução deste ou daquele problema. Daí os ‘rituais de purificação’, cerimônias de fim ou começo de ano, papelotes acumulados na tigela ou jogados ao fogo expressando pedidos e desejos mil. ‘Canta-se’ tal e qual mantra, para os mais variados fins, na esperança que bodhisattvas e seres celestiais nos venham salvar.
Ajahn Buddhadasa concorda que o Dhamma (os ensinamentos do Buddha) é importante. Mas com uma ressalva. Ele diz: “O Dhamma pode resolver todos os problemas que o mundo cria, mas não pode solucioná-los por si mesmo“. E aí é que jaz o problema, pois queremos confiar no Dhamma, no Buddhismo, nos bodhisattvas e em Deus, mas pouco desejamos fazer por nós mesmos. Ele prossegue dizendo: “O mundo cria problemas através de kilesa (impurezas); ele não pode combater kilesa com kilesa. Dessa forma, problemas como a crise atual do mundo devem ser solucionados através do uso do dhamma“.
Então, se queremos que o Dhamma nos ajude, devemos tomá-lo com nossas mãos e usá-lo. Essa é uma característica do Buddhismo Theravada. É preciso o esforço e a iniciativa, combinados com o Dhamma que remove kilesa produzido pelo mundo e por nossas próprias ações. Um bom 2006 a todos!