Tal como um “bombril”, é interessante ver como “Deus” é jogado e usado em qualquer situação mesmo aquelas em que nada têm a ver. O que ele teria pensado ao dizer isso? Que se ele “crer em Deus”, as denúncias vão sumir, a corrupção vai acabar, o povo vai esquecer? “Deus” teria então o poder de ser um ilusionista, criando mundos imaginários para todos aqueles que nele não acreditam? Isso supondo, é claro, que todos os que denunciam a corrupção governamental não crêem em Deus… Ou desejaria dizer que se você crer em Deus vocês se torna cego à corrupção que está ao seu redor? Esse é um dos perigos das religiões teístas quando atingem aquele patamar “popular”, completamente distante de suas alturas mais filosóficas e metafísicas. “Deus” serve para tudo: para encobrir nossas ações prejudiciais e corruptas, castigar nossos inimigos, demonstrar o quanto somos ‘bons’ meninos e rezamos todos os dias. Afinal, qual outra razão se teria para dizer que se “crê em Deus” em meio a uma explicação pública sobre a corrupção no alto escalão do governo? Não seria justamente para mostrar ao ‘povo’ o quanto se é bom e “temente a Deus” e assim criar a dúvida na cabeça das pessoas? ‘Ele crê em Deus! Portanto, não é culpado de nada”.
É por isso que o Buddhismo, e mais especificamente o Buddhismo Theravada, coloca tanta ênfase na ação e na responsabilidade individual. Se o governo “está mal”, as razões para isso devem ser procuradas nas ações e omissões de todos aqueles envolvidos. Crer ou não em Deus nada fará para resolver a situação, a menos que isso servisse de inspiração para agir de forma correta ao invés de tapar o sol com a peneira. Mas claramente não é esse o caso. Quando “Deus” passa a ser moeda de barganha na propaganda política sabemos que as coisas estão mal na religiosidade de um povo, para não dizer na política. Aliás, não é isso exatamente o que acontece nas terras do tio Sam, onde “crer em Deus” virou a grande ‘commodity’ do sr. Bush?
Uma outra ‘pérola’ foi lançada no mesmo dia. Indagado sobre as críticas que recebe, nosso presidente declarou o seguinte: “Agora sou presidente e não posso responder a cada baixo nível que fazem contra mim”. Como deveríamos entender isso? Que se não fosse presidente ele poderia e responderia no baixo nível? ‘Agora que sou presidente, não farei o que como cidadão comum eu faria?’ Ora, ora…
Olá Ricardo,
O que gosto e admiro em ti é sua capacidade de transitar com lucidez e bom senso por outras areas tb, seja a politica, psi, filosofia.. etc.. etc…
Se temos mais esse instrumento ( Budismo) pq não fazer uma leitura da cultura usando-o. Vejo muitos budistas se dizendo ” apolitico
Endosso seus argumentos.
Gassho
Anallu
Deus lhe pague pelas suas palavras de sabedoria!
Graças a Deus teremos eleições esse ano e se Deus quiser o povo saberá avaliar.
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