O historicismo é uma das doenças da religião. Os críticos da religião freqüentemente utilizam argumentos históricos para tentar combatê-la, como se o ‘fato histórico’ pudesse ser prova de uma verdade a-histórica. Por outro lado, alguns líderes religiosos (além dos fundamentalistas e triunfalistas) freqüentemente utilizam a história para sugerir que sua religião ou escola é mais verdadeira, como se posteridade fosse necessariamente sinal de progresso. O Buddha realmente existiu? As escrituras que temos foram ditas realmente por ele ou são produto de gerações posteriores? A resposta para tais perguntas, entretanto, realmente importa no tocante à validade do processo espiritual?
Tan Ajahn diz que: “Não importa se o Buddha foi uma pessoa real ou inventada, como concebido por algumas pessoas atualmente. A real cessação de dukkha sempre existe apenas de acordo com idappaccayatā. A cessação de dukkha não depende do Buddha ter existido ou não”.
Principalmente no final do século 19 e começo do século 20, estudiosos propuseram que o Buddha era apenas a personificação de um ‘mito solar’. Décadas se passaram, e a existência factual de um personagem conhecido como Siddhattha Gotama é quase incontestável. Ainda assim, isso nada importa do ponto de vista do Dhamma. Dukkha e sua cessação dependem de causas e condições, e não da existência do Buddha.