Hoje pela manhã, enquanto estava revisando um artigo para um dos livros que estão para sair, encontrei esta passagem bastante significativa:
Em nenhum lugar, a ética do mero preceito é mais apta a fracassar do que aqui, fato muito geralmente admitido. “Ame seus inimigos”. Pode ser! Mas o mundo é cheio de pessoas que não são gentis, são desagradáveis, pessoas que estão sempre no caminho, pessoas cuja simples presença é uma fonte de irritação para nós. E essas pessoas são tão complacentes, tão auto-satisfeitas, algumas vezes prósperas mesmo, florescendo como os arbustos verdes de louro do salmista hebreu.Bem, se a experiência dos leitores do presente artigo é tal qual a deste escritor, eles terão neste momento descoberto, tristemente, que todos os preceitos no mundo e todas as resoluções em obedecê-los, nunca tiveram sucesso em fazê-los amar tais pessoas. A civilização pode restringir a mão raivosa; o preceito e o treinamento podem restringir a língua raivosa; a virtude pode mesmo estimular atos externos de bondade; mas o sentimento hostil ainda permanece, a atitude interna não mudou. Nem tão pouco o exemplo atinge a mudança de que necessitamos. É, isso sim, um poderoso estímulo para o esforço. Podemos ser estimulados a imitar o Buddha, único dentre todos os mestres do mundo que parece ter tido sucesso nessa questão. Entretanto, descobriremos logo cedo que, para viver como ele viveu é necessário ver como ele via!
A falta de uma visão abrangente, a do todo presente em cada detalhe de cada objeto, ato, ser e acontecimento não nos permite ver a nós mesmos em cada pessoa e cada pessoa em nós. Os atos praticados remetem imediatamente a nosso favor ou contra nós, conforme a intensão com o que o fazemos. Tal a lei do carma, ou da ação e reação.
Nossos “inimigos” são seres destituídos dessa visão holística e só nos agridem por conta desse desconhecimento.
Portanto:
O espírito da força nada pode contra a força do espírito. Se quiser realmente eliminar seus inimigos, ame-os.
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