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Buddhismo & Psicologia

Hoje à noite darei uma palestra sobre Buddhismo & Psicologia, um tema bastante próximo para mim como buddhista e psicoterapeuta. Então ontem fui conversar por telefone com Ryo Imamura – psicólogo, presidente regional da Buddhist Peace Fellowship, professor de psicologia da Evergreen State College de Washington e ministro buddhista – e um ponto que Imamura-sensei costuma expor com freqüência é a constatação de quão diferentes são as audiências buddhistas no oriente e no ocidente. Ele diz que para o público oriental: “Os temas usuais de minhas palestras são gratidão, unidade, morte e morrer, compaixão e humildade; relaciono isto com os rituais tradicionais, observâncias especiais e símbolos, sempre falando em termos de família, templo e comunidade“. No entanto, quando é uma audiência ocidental que está à sua frente Imamura-sensei precisa adaptar sua exposição. Os buddhistas ocidentais parecem estar muito mais interessados em saber como a teoria e prática buddhista – e a meditação em particular – podem ser de ajuda nos problemas interpessoais, conflitos internos, traumas e questões ligadas o ‘eu’.

Isso, claro, abre todo um campo de investigação sobre identidade e herança cultural, adaptação do dhamma em novos ambientes e o trabalho do professor/ministro/monge em sua tarefa de veicular o dhamma de forma apropriada e sobretudo efetiva. Compreende-se aqui a dificuldade de professores orientais em se relacionarem com praticantes ocidentais, os quais passam a ter uma relação mais de caráter pitoresco e devocional do que algo entre duas mentes que se entendem no mesmo nível de referência. Por outro lado, aquilo que a psicologia buddhista e as técnicas terapêuticas baseadas no Buddhismo trazem para o ocidente pode ser de grande valor, subvertendo os paradigmas estabelecidos – muito frequentemente baseados em idéias falsas sobre o ‘eu’ e seu papel na saúde mental – e abrindo caminho para aquele distanciamento saudável de uma vida centrada no redemoinho de mediocridade e obssessão criado pelo egocentrismo, reavaliando o lugar do centro em que alguém deve se colocar no caminho da sanidade, a qual, em última análise, é patrimônio dos seres despertos.

Enfim, quem estiver passando por perto, é bem-vindo para vir à palestra.
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2 comentários em “Buddhismo & Psicologia”

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