Outra idéia que se deduz de tal afirmação é que sila, samadhi e pañña já existiam, pelo menos numa certa forma, anteriormente à chegada do Buddha no cenário espiritual da Índia. Alguns, por exemplo, não se conformam com a idéia de que a meditação já existia antes do Buddha, ou que a meditação buddhista tenha origem nas antigas tradições hindus, até afirmando que não existiriam registros a respeito. Entretanto, o Dr. Panth diz que: “Existem, também, outras referências que mostram que o conceito e a prática do samādhi também não era algo novo; era conhecido na época como um método de aquietar e controlar a mente. O melhor exemplo disso é o do bodhisatta Siddhattha Gotama que, antes da sua iluminação, aprendeu os mais profundos samādhis conhecidos na época – o sétimo e oitavo jhānas – dos professores Ālara Kālama e Uddhaka Ramaputta. Isto prova que o âmbito do samādhi certamente existia anteriormente ao Buddha. Isso não era algo novo, descoberto por ele“.
E ainda que nem sempre seja fácil ter uma idéia precisa das técnicas envolvidas, dizer que não é possível afirmar uma origem da meditação buddhista nas antigas práticas anteriores ao Buddha parece uma afirmação sem qualquer embasamento histórico, similar a dizer que a prática meditativa foi algo absolutamente novo trazido pelo Buddha. Diante da pergunta: “(A meditação buddhista) É a mesma meditação que encontro no Yoga Hindu ou em outras religiões?“, o site do CBB responde: “Historicamente, a Meditação (em sânscrito, Dhyana) como técnica específica tem origem nas antigas tradições hinduístas“, ratificando aquilo dito pelo Dr. Panth e pelos vários historiadores que já se debruçaram sobre o assunto. Dizer que algo tem origem, entretanto, não significa que esse algo é idêntico. Eu tenho origem em meus pais, mas obviamente não sou idêntico a eles. Lacan tem suas origens no pensamento freudiano, mas obviamente não são idênticos. Daí que a partir desse ponto o site do CBB esclarece a meditação buddhista “conforme a abordagem derivada dos conceitos espirituais demonstrados por Buddha e já apresentada em suas características buddhistas particulares“.
Alguns poderiam ficar surpresos ao ver o termo sânscrito “Dhyana” ser usado aqui para a meditação. Etimologicamente, o termo sânscrito “dhyana” está conectado ao termo pali “jhana”, o que leva pessoas que não conhecem o sânscrito ou o contexto filosófico do uso desses termos a pensar, enganosamente, que dhyana é idêntico a jhana! Isso é comum ocorrer com estudos superficiais com relação ao Buddhismo, que acabam achando que dhyana é igual a jhana, dhyana é igual a samatha ou samatha é igual a samadhi, e assim por diante, numa verdadeira confusão de palavras e significados.
Não sei em termos práticos, mas em termos conceituais a contribuição fundamental do Buddha parece ter sido dada resumidamente no segundo discuso (características do não-eu), ou não? Ao menos foi suficiente para a iluminação dos 5 ascetas.
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