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O Buddhismo Primordial e o Sutra do Coração 1

O Buddha jamais utilizou palavras como “Mahāyāna” e “Theravāda”. Elas se desenvolveram muito tempo depois e devido à inevitável fusão de culturas, épocas e polêmicas. Será que a utilidade delas está superada, especialmente no cadinho cultural dos Estados Unidos?

A minha principal referência espiritual é o “Buddhismo Primordial”, isto é, o Buddha-Dhamma registrado nos suttas pali, em especial quando examinado minuciosamente de acordo com os princípios encontrados nesses mesmos suttas (1). Aceito, com um toque de relutância, que sou um “Buddhista Theravāda”. Isto acontece porque a maior parte do Buddhismo Theravāda parece muito comprometida com um sistema de comentários e com a sua peça-chave, o Visuddhimagga, compilado mil anos após o Parinibbāna do Buddha. Prefiro as coisas originais. Além disso, rejeito categoricamente o termo pejorativo “Hinayāna” quando aplicado a uma escola inteira do Buddhismo (2). Acompanhando o meu mestre, aspiro ao “Buddhayāna” e considero os suttas Pali como o principal ponto inicial para encontrá-lo.

Minha afeição pelos suttas pali não acontece com o sacrifício dos assim chamados “sutras Mahāyāna”. De fato, encontro também neles o Buddhayāna. Com freqüência, descubro ecos vibrantes dos suttas pali nos textos clássicos Mahayāna, tais como o Bodhicaryāvatāra de Shantideva e o Sutra Plataforma de Hui Neng. Em muitos casos, os sutras Mahayāna contém cópias diretas e paráfrases dos textos pali. Para ilustrar este ponto e sublinhar a convergência do Buddhismo básico ou Buddhayāna, proponho um exame detalhado do Sutra do Coração…”

Um texto de Ajahn Santikaro, gentilmente traduzido por FDomicildes para o Centro Buddhista Nalanda.

7 comentários em “O Buddhismo Primordial e o Sutra do Coração 1”

  1. Muito legal que esse texto vá ser publicado em português. Cheguei a lê-lo em inglês, mas, como meu inglês anda precisando de um “improvement”, vou acompanhar as postagens pra ter certeza de que entendi direito. =D

    De qualquer forma, você teria o link com o texto em inglês? perdi minha cópia impressa e gostaria de imprimir de novo.

    abç

  2. Essa expressão “Aspiro ao Buddhayana” me causa uma impressão muito grande. Acho que há uma profundidade nisso…! Quando a gente começa a ter os primeiros contatos com o Buddhismo a gente se depara com tantos “yanas”…! “Este é o mais rápido”, “Aquele é o mais compassivo”, “este é o mais fiel”… Mas de repente pode acontecer de toparmos com um mestre que diz: “eu aspiro ao Buddhayana”. Bom, aí as coisas podem começar a ficar mais claras…

  3. Exatamente, Fernando, aliás, pode-se falar que todas as escolas têm um tipo de ‘dupla natureza’. No caso do Theravada existe um lado que é pesadamente abhidhammista. Mas o que realmente é problemático é que a maioria destes nem mesmo usam o Abhidhamma diretamente, mas se apóiam quase que exclusivamente sobre os Comentários a ele. Para mim, quando uso o termo ‘theravada’ prefiro significar o foco de atenção no Tipitaka, e nesse sentido é quase sinônimo de Buddhismo Antigo ou Primevo. Mas não se pode esquecer que o Theravada moderno é múltiplo e com várias tendências.

  4. “Aceito, com um toque de relutância, que sou um “Buddhista Theravāda”. Isto acontece porque a maior parte do Buddhismo Theravāda parece muito comprometida com um sistema de comentários e com a sua peça-chave, o Visuddhimagga, compilado mil anos após o Parinibbāna do Buddha. Prefiro as coisas originais.”

    Ultimamente tenho a mesma impressão, o Visudhimagga passou a ser o verdadeiro Canon do Buddhismo Theravada, juntamente com a enfase no estudo do Abhidhamma.

    Os Suttas foram deixados um pouco em segundo plano.

    Mas é só um opinião pessoal como qualquer outra.

    Metta,

    Fernando

  5. Olá Ricardo,

    acho que vc esqueceu de linkar o texto. Por mim tudo bem eu vou lá
    no site do Nalanda acha-lo…

    abs

    ana

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