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Dúvida Cruel – 2

Muito interessantes os comentários às minhas ‘dúvidas’. Como bem percebeu a Ana, é uma brincadeira com o leitor, mas abre considerações interessantes também. Na abordagem bem buddhista da Ana, é importante estarmos abertos, ‘deixar-nos levar’ pelo que surge no momento. Percebo que geralmente algumas das melhores experiências realmente vêm assim. Precisamos saber ouvir o momento, nunca se sabe as novas perspectivas que nos esperam logo no virar da esquina. Será assim com os tais quatro dias. Mas, também, em que medida podemos viver completamente assim? Um certo grau de programação também não é necessário? Qual o equilíbrio entre planejamento/determinação e abertura/espontaneidade? É um tema que todos nos defrontamos a cada dia. Excesso em um e nos transformamos em obssessivos/compulsivos. Excesso em outro e caímos no instantaneísmo e na falta de organização.
Como bem lembrou o Luide, temos que estar preparados para pegar uma loira em certas situações. Se uma manada de elefantes vier pela nossa frente, é melhor sabermos de antemão onde estão as loiras possíveis ou então decidir nem seguir naquela direção. Mas, e se por trás dos elefantes houver também belas cachoeiras e pássaros multicores? O que perdemos em cada opção? Quais os resultados de nossas decisões?

Aliás, a caverna e floresta da opção 1, fiquei sabendo, possui algumas choupanas (kutis) sem paredes e de teto de palha para meditantes ficar. Er… estação das chuvas na Thailândia, lembram? Mas a natureza é exuberante. Nem tudo se consegue sem sacrifício. Não é assim com a vida? É engraçado as pessoas acharem que tudo podem conseguir sem esforço. Até entre praticantes do Dharma isso se encontra. Queremos a concentração, mas sem os retiros. Queremos a compreensão, mas com o mínimo de estudo. Queremos a paz, mas desde que venha acompanhada de conforto, comida e roupa lavada, e o lugar limpado por outros.

E o Guto está certo. Por que esperamos que buddhistas não possam gostar de uma praia? Ou se gostarem, devessem abrir mão dela em favor da opção ‘mais nobre’ da caverna retirada? Não é um preconceito de nossa parte? Qual o equilíbrio entre prazer e restrição que devemos ter em nossa vida? O Buddha nunca disse que a alegria e o prazer não devessem fazer parte da vida espiritual. Afinal, por que se espera de buddhistas uma vida ascética? Quais os preconceitos que temos a respeito do caminho? E, claro, por que pressupor que não se possa meditar numa bela ilha de águas cristalinas?

As três fotos acima não são minhas, mas são dos três lugares mencionados. Selma, na opção da ilha não tem tigres, só golfinhos e peixinhos. Nas outras duas tem tigres, sim, andando pela floresta. Mas depois de Kanheri, quem sabe já não tiro isso de letra? Hehe. Nas duas opções também têm elefantes, veados, macacos, morcegos… E não vamos nos esquecer dos famosos escorpiões verdes gigantes, dos sanguessugas, das víboras e crocodilos. É isso mesmo, não é um parque de diversões!

Então, já compreenderam como é difícil escolher?

Marcações:

2 comentários em “Dúvida Cruel – 2”

  1. é as noticias são preocupantes…no entanto creio que a proteção ao Dharma e aos seus divulgadores é grande, lembra-se do tsumani??

    abs e bons trabalhos por ai.

    ana

  2. HEHE,

    QUE BONITO DEVEM SER ESTES LUGARES, MAS TÃO LOGO APRECIAMOS ELES, VEMOS QUE NÃO PODEM NOS TRAZER BEM ESTAR POR MUITO TEMPO.

    SE FOSSE ANDAR PELA FLORESTA GOSTARIA DE PEGAR CARONA COM UM ELEFANTE 🙂
    E ANDE BEM LONGE DAS ONDAS DE PROTESTOS DE LÁ…

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