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um pouco de Austrália nas matas thailandesas

É o lar da maior coisa viva na terra, a Grande Barreira de Coral, e do mais famoso e impressionante monolito, Ayers Rock (ou Uluru para usar seu nome mais respeitoso aborígene e agora oficial). Possui mais coisas que o matarão do que qualquer outro lugar. Das dez serpentes mais venenosas do mundo, todas estão daqui. Cinco de suas criaturas – a aranha teia de funil, a água-marinha de caixa, o polvo de manchas azuis, o carrapato paralisante e o stonefish – são os mais letais de seus tipos em todo o mundo. Este é um lugar onde mesmo o mais fofo dos louva-deuses pode colocá-lo por terra com uma lanceta venenosa, onde uma concha do mar não apenas te picará mas de fato correrá atrás de voce. Pegue uma inócua conchinha na praia, como os inocentes turistas gostam de fazer e voce descobrirá que o pequeno camarada lá dentro não apenas é surpreendentemente rápido e caprichoso, mas impressionantemente venenoso. Se voce não for picado ou afogado até a morte de alguma maneira inesperada, voce poderá ser cortado em pedaços por tubaroes ou crocodilos, carregado sem chances para o alto mar por correntes irresistiveis ou deixado de lado a espera de uma morte infeliz no deserto escaldante. É um lugar dificil”.
Felizmente esse não é o lugar onde me encontro. Como companhia nessa viagem escolhi trazer o livro Down Under de Bill Bryson. O livro é sobre suas viagens na Austrália e recomendo a todos que puderem a lerem. Bill é hilário e o leitor é transportado junto com ele numa viagem por um país que absolutamente não conhecemos. Ao lê-lo começamos a ter séria vontade de conhecer esse que é “o sexto maior país do mundo e que é a maior ilha. A única ilha que também é um continente e o único continente que também é uma ilha. O primeiro continente conquistado por mar e o último. A única nação que começou como uma prisao”.
Mas voltando à Thailandia, depois de uma noite mal dormida (ainda adaptando-se ao novo fuso – 10 horas de diferença) pegamos um táxi conhecido daqui numa jornada de pouco mais de 3 horas, com direito a uma parada num restaurante de beira de estrada (nada particularmente excitante em termos de comida). Será o mesmo táxi que virá me buscar daqui há alguns dias para me levar direto ao hotel onde os participantes da conferência ficarão.
À medida que o táxi avança o cenário se modifica. A cinzenta Bangkok dá lugar a matas e montanhas. Numa delas se encontra um mosteiro incrustrado nas encostas onde 110 meditantes, todos vestidos de branco, praticam samatha-vipassana silenciosamente. Dirigindo a prática está um monge que vem se tornando conhecido por aqui. Com cerca de 45 anos, ele passou um bom tempo em retiros pelas florestas. Hoje lidera uma comunidade onde se realiza retiros mensais para praticantes laicos. A grande maioria thailandeses. Tivemos oportunidade de nos sentar com ele durante cerca de uma hora, para conversar sobre meditação. O foco da conversa foi sobre dois tipos pouco conhecidos no ocidente: a técnica de ‘buddho’ e a das 32 partes do corpo. A primeira delas frequentemente é apresentada como mera técnica de concentração, enquanto a segunda no mais das vezes é pouco explorada pela falta de informação entre praticantes. Assim, o foco de minhas perguntas foi no sentido de investigar sua aplicabilidade no par samatha-vipassana, saindo do lugar comum das interpretações atuais, no que fiquei bem satisfeito. Ele foi capaz de dar algumas idéias bem interessantes sobre o tema. Devo ainda voltar lá para passar o dia. Como ele precisava voltar para a sala de instruçoes e nós continuarmos a jornada, voltamos para a estrada, chegando pouco depois no chalé onde devo passar os próximos dias. Meus companheiros de viagem, “a monja” de oito preceitos, mae chee Brigitte e o diretor de filmes Jorg, de Frankfurt, os quais decidiram me acompanhar nessa viagem de um dia, continuaram com o taxi, de volta a Bangkok.
Marcações:

4 comentários em “um pouco de Austrália nas matas thailandesas”

  1. vixi,….primeiro achei que estava no blog errado, depois pensei…ele
    deve estar exercitando sua veia Indiana Jones, vai se saber… td é possivel…rs Ao final do primeiro trecho dei boas risadas da minha tb viagem em relação ao livro. Enfim duas viagens dentro de
    uma…fora as outras tantas possibilidades mentais imaginárias.

    No final vc voltou ao foco, e ai me
    senti em casa novamente…hehehe

    Boa exploração e como se dizia no meu tempo de baladas noturnas…Juizo…rs

    gasshô

    ana

  2. Confesso que levei um susto!
    Já estava postando um “saia já daí, menino!”, como diria a minha mãe…
    Pois é, vamos ver o que vem por aí, como disse a Fátima. De qualquer forma, boa sorte!
    Bjx
    Elisa

  3. Tudo muito exótico não?! Eu sempre quis conhecer a Austrália! Há alguns anos quase fiz essa viagem, justamente para o Uluru-Kata Tjuta National Park. Ah sim, o que é uma monja de oito preceitos?

  4. nossaaaa….pela descrição inicial achei que aquilo era turismo de aventura extremamente radical, mas logo depois já vieram os meditantes vestidos de branco….o que virá em seguida? elefantes em desabalada carreira? pássaros exóticos? praias desertas e águas transparentes? abs. Fátima

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