Prosseguindo com nosso cuidado atento e atenção aos detalhes, na semana passada estava escutando uma professora zen falar sobre os preceitos. A roshi contava quando certa vez andava por um parque americano que muitos visitavam em busca de artefatos indígenas. Era comum achar isso ou aquilo. E ela achou. Uma bela conta de turquesa. Talvez pertencente a um colar antigo, ao tocar ela ficou emocionada ao se sentir transportada imediatamente ao passado, que bonito era aquele pequeno objeto! Não era proibido pegar essas coisas no parque, mas à medida que caminhava de volta com a conta nas mãos, progressivamente se sentia mais e mais desconfortável. Alguma coisa não estava certa. Sua ação a estava incomodando. E como praticante buddhista ela fez o que tinha que fazer: parou e viu o que estava acontecendo. Por que se sentia constrangida e desconfortável? Por que ter tomado a pedra pesava em suas mãos e em seu coração, mesmo sendo tão bela? E apesar de não saber exatamente expressar em palavras porquê devia fazê-lo, ela voltou e enterrou a conta onde a tinha achado.
Parar e ver é a essência da prática buddhista. Essas duas coisas nos permitem estar sensíveis ao nosso ambiente e nossa relação com ele. Com esse cuidado atento, fruto de uma mente conectada com o coração, podemos perceber os detalhes, perceber a rede sutil de relações, vínculos e adequação daquilo que fazemos e de onde nós estamos. Não precisamos manuais de vida. Podemos saber quando o que fazemos ou estamos por fazer não soa correto, não se encaixa bem, agita e incomoda. A roshi zen diz que ainda se alegra por ter deixado a conta onde a encontrou, uma alegria maior que se a tivesse levado para casa e a guardado numa caixa.
…Quando se tem consciência de que o apego nos faz mal, mesmo inconscientemente se tem o sinal!
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