“Inhame seco era a base de nossa alimentação pela maior parte do ano. Ocasionalmente, tínhamos pão de milho e farinha, que eram artigos da reserva especial da niang (mamãe), por isso guardados para oferecer a parentes ou visitas importantes. Comíamos inhames secos, cozidos na água ou no vapor, dia após dia, mês após mês, ano após ano. Era o alimento mais detestado em minha família, mas havia outros na comuna que nem com isso contavam. Tínhamos mais sorte que a maioria. Tivemos mais sorte do que os 30 milhões que morreram de fome. Os inhames secos salvaram nossas vidas“.
“Apesar da pobreza, nossos pais sempre nos ensinaram a ter dignidade e orgulho, a agir com honestidade, a nunca roubar nem prejudicar os outros. O nome da família era o bem mais precioso e devia ser protegido com todo o empenho“.
Os trechos acima são de um livro que ganhei nesse mês: “Adeus, China”, excelente livro que conta um pouco da vida difícil na China de algumas poucas décadas atrás.
Entrar em contato com vidas menos afortunadas que as nossas é uma excelente oportunidade para desenvolver a gratidão. Raramente percebemos quanto afortunados nós somos. Quanto a mais que nós temos além do que a maioria da humanidade já teve em todas as épocas. Ainda assim reclamamos por tudo. Reclamamos pelo que temos, pelo que não temos, pelo que gostaríamos de ter, pelo que deixamos de ter. Reclamamos pelo clima, pela comida, pelo dinheiro, por tudo. Olhar mais profundamente as vidas ao redor e manter o contato com a natureza é uma boa forma de nos mantermos gratos.
fotos: ontem e hoje