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Axé, Salvador

O dia do Seminário foi ótimo. Apesar de ter começado com chuvas, o que parecia nos condenar a toda uma manhã no hotel diante da mesa do café, o sol logo despontou. Tirando a preguiça de lado…

rumo à famosa Feira de São Joaquim…

mercado modelo…


igrejas…


até ao local do Seminário…

o qual foi povoado de gente alegre, sucos e bolos, livros, cds, e palestras muito interessantes. O que será que aconteceria quando um pastor presbiteriano, um buddhista, uma índia guerreira e um professor de políticas sociais e coordenador de estudos afrobrasileiros se reunissem? Uma das curiosidades percebidas já antes de começar foi que todos nasceram ou moravam no Rio de Janeiro. Então, com o espírito animado dos cariocas e uma platéia constituída de docentes responsáveis pelo ensino de religião nas escolas de Salvador, começou o seminário.

O buddhista deu início, agradecendo por estamos lá num espaço criado para pensar criativamente a cultura negra e seu lugar na sociedade brasileira, cultura tão rica e ao mesmo tempo tão renegada na história dessa nação, o que tornava especialmente significativo um seminário que propunha a promoção do pensamento multiculturalista. Nesse sentido, dividiu a abertura em duas partes. A proposta foi de que o Buddhismo oferecia não apenas uma contribuição efetiva à reflexão sobre o multiculturalismo, mas também um desafio quando fossemos tratar de multiculturalismo religioso. Na primeira parte expôs alguns dados da própria vida do Buddha que davam suporte ao multiculturalismo, com ligações diretas que poderiam servir de elo com os estudos afrobrasileiros e a luta pela igualdade. Já na segunda parte, colocou o desafio. Um pensamento efetivamente multiculturalista precisaria também abrir lugar para uma religião que não falasse de Deus. Como seríamos recebidos pelos que concebem deus como essencial numa religião? Na sequência do desenvolvimento desse ponto deu uma sinopse de como é possível haver uma religião sem deus, mas ainda mantendo-se dentro das definições religiosas. Por fim, ligou tudo isso à noção de ciência, uma vez que um dos pontos do Seminário era também comemorar os 200 anos de nascimento de Darwin.

Em seguida foi a vez da índia que colocava sempre a guerreira na frente! Animada e entusiasmada pela causa indígena, a escritora e remanescente de uma das importantes tribos brasileiras falou de direitos humanos, estilo de vida indígena e o papel da mulher. Ela foi seguida pelo pastor presbiteriano, que deu ótimos exemplos e interpretações da bíblia e mostrou sua visão de justiça social e engajamento. O prof. de políticas sociais abriu e fechou o evento, articulando as falas. Pudemos aprender bastante. Mais aprendizado ainda veio à noite, quando nos reunimos todos lá no tradicional Cravinho no Pelourinho e um pouco da cultura religiosa afro pode ser aprendida, apreciada e comparada com métodos e estilos desenvolvidos pelo Buddhismo. Axé!

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2 comentários em “Axé, Salvador”

  1. Por vezes me perguntam como se costuma saudar ‘buddhisticamente’ na tradição theravada. Bem, desconheço como seria o nosso ‘Namastê’; nem mesmo sei se existe, mas o que importa é o sentimento que nos leva a saudar algo, ou alguém, por quem temos muito carinho.
    Adorei o texto acima. Agradeço ao Professor Sasaki pelo postado, e finalizo dizendo: Axé Professor.

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