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Emprego e Buddhismo

Eis aqui uma boa perspectiva de como o Buddhismo lida com alguns problemas do cotidiano. Abaixo está uma resposta do prof. dr. Ricardo Mário Gonçalves na lista Budismo Shin a alguém que pedia para que orassem por ele pela falta de emprego:

V. pede que oremos para V. suportar o desemprego. O budismo pode ajudar V. a suportar e a eventualmente superar o desemprego, não através de orações, mas seguindo um caminho diferente. O budismo não trabalha com o conceito de uma divindade exterior ao homem com quem poderíamos “negociar”, através de preces e oferendas, auxílio para a resolução de nossos problemas individuais. O budismo é uma doutrina de sabedoria e esclarecimento que nos ensina a compreender a nós mesmos e ao mundo em que estamos inseridos, permitindo, dessa forma, encontrarmos serenidade e discernimento para enfrentar os desafios. O princípio fundamental do budismo é a Lei da Originação Dependente que nos ensina que tudo o que acontece se deve a um conjunto de causas e condições. Aplicando isso ao desemprego, há que verificar em primeiro lugar que o desemprego não é um problema só seu: é um problema global que afeta o mundo inteiro. A presente crise econômica e financeira atinge países que se julgavam ao abrigo do desemprego como Estados Unidos, Alemanha e Japão: só neste ano milhões de pessoas perderem seus empregos nesses países. Isso vem acelerar uma tendência que os sociólogos e economistas já perceberam a algum tempo atrás, a da progressiva desaparição do emprego ou vínculo empregatício permanente. A tendência dominante é a da “flexibilização” das relações de trabalho, as pessoas se organizam temporariamente para prestar serviços a uma empresa e logo se desligam da mesma para prestar serviço a outros. O mundo em que crescemos e fomos educados nos ensinou contar com um emprego permanente, mas vemos agora que tudo o que parecia sólido e estável se dissolve no ar; estamos vivendo tempos “líquidos” que não nos proporciona nenhum ponto de apoio permanente e confiável. Isso está, aliás, de acordo com o budismo, que nos ensina que tudo é impermanente, mutável, instável. A maioria dos meus amigos que se viram às voltas com o desemprego superou o problema reestruturando sua vida para prestar serviços e assessoria às empressas de forma independente, sem vínculo empregatício. Concluindo, há que constatar que o emprego fixo é uma espécie em extinção e que as relações de trabalho precisam ser repensadas e reestruturadas de forma radical e à escala global.

Bem, desejo sinceramente que estas reflexões o ajudem a equacionar seu problema com serenidade e discernimento e a buscar soluções de forma viva e criativa, como muitos estão fazendo neste momento, no mundo inteiro.

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