Quem esteve atento nessas últimas folhas já foi capaz de perceber uma conexão dos quatro temas focados: generosidade, gratidão, raiva e memória. Sofremos uma deficiência básica em nossa atenção. Temos lembranças distorcidas, focamos a atenção em lugares errados, esquecemos de quanto devemos a todos e a tudo, realçamos o negativo do passado e do presente, lembramos demais da falta, esquecemos demais do quanto devemos ser gratos. Resultado? Operamos com um nível subliminar constante de raiva, vinda de nossa ingratidão, amargura, visão parcial da vida. Sem a conexão com a bondade do outro, esquecemos também de nossa bondade e deixamos de ser generosos.
Em Inhames secos e obrigado, disse que: “Reclamamos pelo que temos, pelo que não temos, pelo que gostaríamos de ter, pelo que deixamos de ter. Reclamamos pelo clima, pela comida, pelo dinheiro, por tudo. Olhar mais profundamente as vidas ao redor e manter o contato com a natureza é uma boa forma de nos mantermos gratos“. A reclamação, me parece, é o contrário de toda gratidão. É aquilo que ocorre quando esquecemos. E quando esquecemos, nós nos irritamos, enraivecemos, atacamos. Olhem para seu passado e para seu presente. Quantas razões temos para nos inclinar e agradecer?
Ajahn Butda, um monge andarilho das florestas da Thailândia, fez uma ligação interessante entre raiva e gratidão: “Sempre que fico com raiva, me levanto e me prostro três vezes. Se fico com raiva duas vezes, me prostrarei seis vezes. Se ficar com raiva uma centena de vezes, me prostrarei trezentas vezes, e assim até a raiva passar. Essa prática serve para inclinar a mente para o Dhamma. Sempre que a raiva surgir, prostre-se ao Buddha naquele mesmo lugar. A raiva tem medo de quem se prostra; ela não permanecerá com você“.
Quantas vezes precisaremos nos prostrar hoje?
vou procurar estar atenta!
abs. fá
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