Relato da Pátchima:
Um pequeno grupo decidiu na noite anterior que iria meditar cedinho na árvore Bodhi. Às 06h saímos. Ruas tranquilas (sem buzinas), mas com intensa movimentação nas imediações do Mahabodhi. Um frio lascado. Os vendedores de flores, incensos, oferendas, já estavam à postos na entrada do templo. E muuuuuita gente já estava por lá fazendo práticas. Escolhemos um lugar ao lado da árvore Bodhi e meditamos por 01 hora. Experiência marcante para cada um de nós.
ao lado da Árvore Bodhi |
Mahabodhi em preto e branco |
Café da manhã e em seguida saímos em caminhada de 03 horas em direção à caverna onde o Buddha passou a maior do tempo fazendo práticas ascéticas. Belíssimo passeio. No caminho passamos pela stupa construída pelo Rei Ashoka, dedicada a Sujata. Passamos pelo templo dedicado a Sujata, local onde ela ofereceu ao Buddha o arroz doce e que interrompeu o período ascético.
Sujata Stupa |
Caminhamos por entre arrozais, plantações de couve flor, repolho e mostarda. Atravessamos 02 ou 03 vilarejos onde vimos a vida dos indianos do lugar.
Cruzamos o Rio Neranjara (aquele dos suttas!!!!). Completamente seco, como um deserto. O guia nos disse que está sempre cheio entre julho, agosto e setembro. Caminhamos em direção às montanhas por um terreno plano com bela paisagem.
Neranjara |
E por fim chegamos à caverna. Entramos dois a dois, pois o espaço não era grande. Lá dentro há uma bela estátua do Buddha. Antes de entrarmos na caverna o Prof. Ricardo nos falou sobre este período da vida do Buddha.
Após o almoço visitamos o Museu de Arqueologia de Bodhgaya. Não é grande, mas possui muitas esculturas originais que datam do 1º ao 11º século depois de Cristo, todas encontradas em escavações na região. Importantíssimo acervo histórico cultural.
Aos poucos vou refletindo sobre o que é isso que a Índia provoca nas pessoas. Isso que sempre ouço de que é um lugar transformador. A pobreza aqui é escancarada. Não há aquela beleza que em geral se admira em outros lugares, como ocidentais estão acostumados. Com o passar dos dias essa falta de apelo aos sentidos, a tal distração que encanta, vai fazendo com que a gente se volte para outro lugar. A Índia tem se mostrado um lugar de complexidades. Não é possível ficar indiferente. Tudo nos afeta como desafio ou inspiração. Já me sinto envergonhada por não ter lido o suficiente sobre a Índia. São 5000 anos de história. Então a diversidade aqui é tão grande que conhecer um pouquinho já ajuda a nos livrar de nossa visão distorcida e percepções viciadas. Desde Rajgir, desde as visitas ontem e hoje no Mahabodhi, não tenho como não pensar no despertar como centro. Se a Índia tem este poder de cutucar e se estamos abertos para o caminho proposto pelo Buddha, fica para nós a tarefa de estimular energia e esforço no sentido de dar o passo em direção ao método. Para mim está sendo inspirador.
Amanhã voamos para Delhi. Começaremos a experimentar outra Índia, agora mais muçulmana.