A dura vida dos ateus em um Brasil cada vez mais evangélico
A parábola do taxista e a intolerância. Reflexão a partir de uma conversa no trânsito de São Paulo. A expansão da fé evangélica está mudando “o homem cordial”?
por Eliane Brum
O diálogo aconteceu entre uma jornalista e um taxista na última sexta-feira. Ela entrou no táxi do ponto do Shopping Villa Lobos, em São Paulo, por volta das 19h30. Como estava escuro demais para ler o jornal, como ela sempre faz, puxou conversa com o motorista de táxi, como ela nunca faz. Falaram do trânsito (inevitável em São Paulo) que, naquela sexta-feira chuvosa e às vésperas de um feriadão, contra todos os prognósticos, estava bom. Depois, outro taxista emparelhou o carro na Pedroso de Moraes para pedir um “Bom Ar” emprestado ao colega, porque tinha carregado um passageiro “com cheiro de jaula”. Continuaram, e ela comentou que trabalharia no feriado. Ele perguntou o que ela fazia. “Sou jornalista”, ela disse. E ele: “Eu quero muito melhorar o meu português. Estudei, mas escrevo tudo errado”. Ele era jovem, menos de 30 anos. “O melhor jeito de melhorar o português é lendo”, ela sugeriu. “Eu estou lendo mais agora, já li quatro livros neste ano. Para quem não lia nada…”, ele contou. “O importante é ler o que você gosta”, ela estimulou. “O que eu quero agora é ler a Bíblia”. Foi neste ponto que o diálogo conquistou o direito a seguir com travessões.
– Você é evangélico? – ela perguntou.
– Sou! – ele respondeu, animado.
– De que igreja?
– Tenho ido na Novidade de Vida. Mas já fui na Bola de Neve.
– Da Novidade de Vida eu nunca tinha ouvido falar, mas já li matérias sobre a Bola de Neve. É bacana a Novidade de Vida?
– Tou gostando muito. A Bola de Neve também é bem legal. De vez em quando eu vou lá.
– Legal.
– De que religião você é?
– Eu não tenho religião. Sou ateia.
– Deus me livre! Vai lá na Bola de Neve.
– Não, eu não sou religiosa. Sou ateia.
– Deus me livre!
– Engraçado isso. Eu respeito a sua escolha, mas você não respeita a minha.
– (riso nervoso).
– Eu sou uma pessoa decente, honesta, trato as pessoas com respeito, trabalho duro e tento fazer a minha parte para o mundo ser um lugar melhor. Por que eu seria pior por não ter uma fé?
– Por que as boas ações não salvam.
– Não?
– Só Jesus salva. Se você não aceitar Jesus, não será salva.
– Mas eu não quero ser salva.
– Deus me livre!
– Eu não acredito em salvação. Acredito em viver cada dia da melhor forma possível.
– Acho que você é espírita.
– Não, já disse a você. Sou ateia.
– É que Jesus não te pegou ainda. Mas ele vai pegar.
– Olha, sinceramente, acho difícil que Jesus vá me pegar. Mas sabe o que eu acho curioso? Que eu não queira tirar a sua fé, mas você queira tirar a minha não fé. Eu não acho que você seja pior do que eu por ser evangélico, mas você parece achar que é melhor do que eu porque é evangélico. Não era Jesus que pregava a tolerância?
– É, talvez seja melhor a gente mudar de assunto…
O taxista estava confuso. A passageira era ateia, mas parecia do bem. Era tranquila, doce e divertida. Mas ele fora doutrinado para acreditar que um ateu é uma espécie de Satanás. Como resolver esse impasse? (Talvez ele tenha lembrado, naquele momento, que o pastor avisara que o diabo assumia formas muito sedutoras para roubar a alma dos crentes. Mas, como não dá para ler pensamentos, só é possível afirmar que o taxista parecia viver um embate interno: ele não conseguia se convencer de que a mulher que agora falava sobre o cartão do banco que tinha perdido era a personificação do mal.)
Chegaram ao destino depois de mais algumas conversas corriqueiras. Ao se despedir, ela agradeceu a corrida e desejou a ele um bom fim de semana e uma boa noite. Ele retribuiu. E então, não conseguiu conter-se:
– Veja se aparece lá na igreja! – gritou, quando ela abria a porta.
– Veja se vira ateu! – ela retribuiu, bem humorada, antes de fechá-la.
Ainda deu tempo de ouvir uma risada nervosa.
A parábola do taxista me faz pensar em como a vida dos ateus poderá ser dura num Brasil cada vez mais evangélico – ou cada vez mais neopentecostal, já que é esta a característica das igrejas evangélicas que mais crescem. O catolicismo – no mundo contemporâneo, bem sublinhado – mantém uma relação de tolerância com o ateísmo. Por várias razões. Entre elas, a de que é possível ser católico – e não praticante. O fato de você não frequentar a igreja nem pagar o dízimo não chama maior atenção no Brasil católico nem condena ninguém ao inferno. Outra razão importante é que o catolicismo está disseminado na cultura, entrelaçado a uma forma de ver o mundo que influencia inclusive os ateus. Ser ateu num país de maioria católica nunca ameaçou a convivência entre os vizinhos. Ou entre taxistas e passageiros.
Já com os evangélicos neopentecostais, caso das inúmeras igrejas que se multiplicam com nomes cada vez mais imaginativos pelas esquinas das grandes e das pequenas cidades, pelos sertões e pela floresta amazônica, o caso é diferente. E não faço aqui nenhum juízo de valor sobre a fé católica ou a dos neopentecostais. Cada um tem o direito de professar a fé que quiser – assim como a sua não fé. Meu interesse é tentar compreender como essa porção cada vez mais numerosa do país está mudando o modo de ver o mundo e o modo de se relacionar com a cultura. Está mudando a forma de ser brasileiro.
Por que os ateus são uma ameaça às novas denominações evangélicas? Porque as neopentecostais – e não falo aqui nenhuma novidade – são constituídas no modo capitalista. Regidas, portanto, pelas leis de mercado. Por isso, nessas novas igrejas, não há como ser um evangélico não praticante. É possível, como o taxista exemplifica muito bem, pular de uma para outra, como um consumidor diante de vitrines que tentam seduzi-lo a entrar na loja pelo brilho de suas ofertas. Essa dificuldade de “fidelizar um fiel”, ao gerir a igreja como um modelo de negócio, obriga as neopentecostais a uma disputa de mercado cada vez mais agressiva e também a buscar fatias ainda inexploradas. É preciso que os fiéis estejam dentro das igrejas – e elas estão sempre de portas abertas – para consumir um dos muitos produtos milagrosos ou para serem consumidos por doações em dinheiro ou em espécie. O templo é um shopping da fé, com as vantagens e as desvantagens que isso implica.
É também por essa razão que a Igreja Católica, que em períodos de sua longa história atraiu fiéis com ossos de santos e passes para o céu, vive hoje o dilema de ser ameaçada pela vulgaridade das relações capitalistas numa fé de mercado. Dilema que procura resolver de uma maneira bastante inteligente, ao manter a salvo a tradição que tem lhe garantido poder e influência há dois mil anos, mas ao mesmo tempo estimular sua versão de mercado, encarnada pelos carismáticos. Como uma espécie de vanguarda, que contém o avanço das tropas “inimigas” lá na frente sem comprometer a integridade do exército que se mantém mais atrás, padres pop star como Marcelo Rossi e movimentos como a Canção Nova têm sido estratégicos para reduzir a sangria de fiéis para as neopentecostais. Não fosse esse tipo de abordagem mais agressiva e possivelmente já existiria uma porção ainda maior de evangélicos no país.
Tudo indica que a parábola do taxista se tornará cada vez mais frequente nas ruas do Brasil – em novas e ferozes versões. Afinal, não há nada mais ameaçador para o mercado do que quem está fora do mercado por convicção. E quem está fora do mercado da fé? Os ateus. É possível convencer um católico, um espírita ou um umbandista a mudar de religião. Mas é bem mais difícil – quando não impossível – converter um ateu. Para quem não acredita na existência de Deus, qualquer produto religioso, seja ele material, como um travesseiro que cura doenças, ou subjetivo, como o conforto da vida eterna, não tem qualquer apelo. Seria como vender gelo para um esquimó.
Tenho muitos amigos ateus. E eles me contam que têm evitado se apresentar dessa maneira porque a reação é cada vez mais hostil. Por enquanto, a reação é como a do taxista: “Deus me livre!”. Mas percebem que o cerco se aperta e, a qualquer momento, temem que alguém possa empunhar um punhado de dentes de alho diante deles ou iniciar um exorcismo ali mesmo, no sinal fechado ou na padaria da esquina. Acuados, têm preferido declarar-se “agnósticos”. Com sorte, parte dos crentes pode ficar em dúvida e pensar que é alguma igreja nova.
Já conhecia a “Bola de Neve” (ou “Bola de Neve Church, para os íntimos”, como diz o seu site), mas nunca tinha ouvido falar da “Novidade de Vida”. Busquei o site da igreja na internet. Na página de abertura, me deparei com uma preleção intitulada: “O perigo da tolerância”. O texto fala sobre as famílias, afirma que Deus não é tolerante e incita os fiéis a não tolerar o que não venha de Deus. Tolerar “coisas erradas” é o mesmo que “criar demônios de estimação”. Entre as muitas frases exemplares, uma se destaca: “Hoje em dia, o mal da sociedade tem sido a Tolerância (em negrito e em maiúscula)”. Deus me livre!, um ateu talvez tenha vontade de dizer. Mas nem esse conforto lhe resta.
Ainda que o crescimento evangélico no Brasil venha sendo investigado tanto pela academia como pelo jornalismo, é pouco para a profundidade das mudanças que tem trazido à vida cotidiana do país. As transformações no modo de ser brasileiro talvez sejam maiores do que possa parecer à primeira vista. Talvez estejam alterando o “homem cordial” – não no sentido estrito conferido por Sérgio Buarque de Holanda, mas no sentido atribuído pelo senso comum.
Me arriscaria a dizer que a liberdade de credo – e, portanto, também de não credo – determinada pela Constituição está sendo solapada na prática do dia a dia. Não deixa de ser curioso que, no século XXI, ser ateu volte a ter um conteúdo revolucionário. Mas, depois que Sarah Sheeva, uma das filhas de Pepeu Gomes e Baby do Brasil, passou a pastorear mulheres virgens – ou com vontade de voltar a ser – em busca de príncipes encantados, na “Igreja Celular Internacional”, nada mais me surpreende.
Se Deus existe, que nos livre de sermos obrigados a acreditar nele.
(Eliane Brum escreve às segundas-feiras)
Marcelo, tudo bom? Aqui é o Ricardo (“Anônimo”). Não sei se meu PC está ruim, mas não consegui me identificar pelo google; então desisti. Marcelo, a religião não é uma coisa fácil. Nos ramais semíticos (Judaísmo/Cristianismo/Islam) ou nos ramais Orientais (dharma hindú/dharma budista/taoísmo), para que o objetivo da religião seja atingido é, via de regra, necessário um forte engajamento, algo que envolve toda uma vida. Na prática, independentemente de filiação, quem busca/se esforça mais pelo objetivo/finalidade da via que adotou, acaba tendo sua “aparelhagem”/recurso interior mais eficiente/afiada (por exemplo: meditadores dedicados, no seu zêlo, na sua perseverança e no seu afinco, acabam desenvolvendo uma forte habilidade/capacidade nesse mister, a qual tende a incorporar-se à sua rotina). Religião é uma conquista (embora indivíduos fora de série possam surgir espontaneamente dentro de uma determinada comunidade espiritual – o 6º Patriarca do Budismo Mahayana chinês era iletrado – ele precisou se afastar da comunidade e estudar o dharma formal p/só então poder assumir o patriarcado – e São Francisco de Assis realizou a religião do Amor/Coração – e não vamos confundir as coisas: São Francisco, foi um grande místico, não um metafísico – a possibilidade cristã é uma, a budista é outra – ser cristão ou budista vai estar dentro do quadro pessoal de cada qual – e, embora haja uma convergência, a possibilidade mistica é uma, a metafísica e é outra – e metafísica se propõe ir ao extremo). Então, entendo que as pessoas mais simples – sem o recurso dos “peritos” – como a metafísica dos dharmas hindú e budista – ou, ainda, sem o recurso santo/nobre do misticismo – desenvolvem uma experiência religiosa na Simplicidade que vou comparar aos degraus iniciais de uma Escada (lembrando da “Escada de Jacó”), onde o esforço pessoal se estabelece, em seu avanço, nesse ou naquele degrau, porém, como esses degraus são iniciais tais pessoas estão sujeitas a manifestar sentimentos de insegurança, uma vez que sua espiritualidade não consiste na realização dos degraus mais elevados da sua própria possibilidade. Na possibilidade cristã, as pessoas envolvidas naqueles degraus “iniciais” estão mais sujeitas a apresentar limitações e falhas. No mundo dos “peritos” e dos místicos também ocorrem falhas, fracassos, desassociações, mesmo situações traumáticas. No mundo da Simplicidade há triunfos. As vezes, no mundo dos “peritos” há fracassos. Faz parte.
Bom, como eu já informei, eu tenho paciência com os ateus (tenho paciência com os comunistas também)– mas se você leu os meus posts, viu que, como asseverei, eu não levo a sério o ateísmo. Marcelo, não só eu tenho paciência com os ateus, e admito a sua existência, como eu tenho amigos ateus (tenho amigo socialistas também). Quando eu vou me aproximar dos evangélicos/pentecostais, a minha pergunta é: “-Essas pessoas estão numa situação meramente sentimental/emotiva – e, portanto, reverenciando o Nada – ou há alguma Contrapartida?”. Se há uma Contrapartida, então devo tentar compreendê-los. Como saber se existe tal Contrapartida? É necessário conviver, conversar com eles um pouco.
Quando eu estou com os meus amigos ateus eu não lembro que eles são ateus – só quando debatemos. Talvez você tenha um pouco de razão…
Um abraço Ricardo.
9 – O crescimento dos ateus não prejudica o crescimento das igrejas pentecostais, nem se constitui numa ameaça aos pentecostais. Ateus/pentecostais são pessoas, o mais das vezes, oriundas de situações/históricos de vida distintos. O supermercado espiritual, como meu amigo observou, tem várias prateleiras: “Jesus”, “Moisés”, “Buda”, “Krishna”, “Patânjali”, “Mohammad”, cristais, tarot, runas, búzios, amarrações p/o “amor”, autoajuda e, já está chegando, o ateísmo. Cada um escolhe o que quer comprar.
Compare as minhas observações acerca dos evangélicos e a forma como eles são abordados no artigo: “ele fora doutrinado para acreditar que um ateu é uma espécie de Satanás…”. “Tudo indica que a parábola do taxista se tornará cada vez mais frequente nas ruas do Brasil – em novas e ferozes versões…”, “percebem que o cerco se aperta e, a qualquer momento, temem que alguém possa empunhar um punhado de dentes de alho diante deles ou iniciar um exorcismo ali mesmo, no sinal fechado ou na padaria da esquina”… Essas colocações não são educadas, mas depreciativas (ainda mais quando se pretende entrar no assunto da tolerância). Se eu fosse evangélico, ficaria indignado com isto. Eu tentei explicar nos posts que os pentecostais, a maioria (não todos), são pessoas simples do nosso povo (e p/muitos ateus os pentecostais são burros e cegos). Deslizes podem ser cometidos, mesmo imposturas, mas nada que venha tornar a vida das pessoas um inferno… Ganha-se, apenas, experiência.
Você observou que eu sou favorável aos evangélicos/pentecostais. Isto não é imotivado. Veja só, eu tenho convivência – e não apenas coexistência – com eles. Mas a minha estrutura interior/individual é metafísica demais p/viver no mundo deles (embora eles me digam que eu procuro “algo que não existe”). O modo deles procurarem o objetivo espiritual é não-metafísico e imbuído de limitações. Só que há uma coisa Dhanapale: o esforço cristão protestante dos evangélicos/pentecostais tem uma CONTRAPARTIDA – ele não é “vazio” (não me refiro ao shunya). Se essa contrapartida não existisse, os ateus teriam razão (Fé cega; falta de cultura, imposturas/impropriedades, etc.). Só o que eu lamento é que eles não busquem mais santificação, não busquem aprimorar, aquilatar o seu próprio Cristianismo. Mas não vou exigir isso deles – quem sou eu? Não tenho o poder de – não tendo consertado a mim mesmo – consertar o que é torto nos outros…
Espero que você não se aborreça de eu desviar um pouco do assunto (sinto isto em mim). Deixo para ti e para quem ler o nosso diálogo/debate, um poema de um dos místicos hindús que mais prezo – Kabir (1440/1518) – norte da Índia (vedanta dualista):
Delicado é o caminho do amor.
Nele não há perguntas nem respostas.
Somente umas poucas almas puras
sabem de seu verdadeiro deleite.
Onde há alegria, pode haver avareza?
Onde há alegria, a avareza não pode perdurar.
Onde há amor, pode haver luxúria?
Onde há amor a luxúria não tem lugar.
Em minha vida cativa encontrei a liberdade
Rompi os grilhões de toda a mesquinhez
E mais do que qualquer coisa
guardo comigo o amor
que me permite viver neste mundo
uma vida sem limitações…
Ricardo.
Olá Dhanapale. Aqui Ricardo. Tudo bom? Andei navegando pelo site. Gostei muito. Congratulações pelo Nalanda.
Admirar o budismo é uma coisa (como Schopenhauer e outros); tomar o tríplice refúgio, trilhar a senda e alcançar resultados objetivos é outra. Tenho estudado, no momento, tudo o que vem às minhas mãos do budismo indiano; além da metafísica sutil/refinada/transcendental (Nagarjuna, por ex.), o alto grau de disciplina, a perseverança, a fé no corpo de ensinamentos, e o esforço efetivo para por tudo em prática – e haja prática: anos a fio, sem perder o fôlego, o ânimo, sem desistir do nobre objetivo.
Você respondeu em 2 posts, e este meu post aqui se refere ao que foi abordado no 2º post da tua última resposta.
7- No post anterior a este já me pronunciei acerca da “teologia da prosperidade”. Aqui perto de casa tem uma igreja Novidade de Vida – não fosse pelo artigo, não teria me apercebido tratar-se dela -. Como a igreja é pequena, parei p/dar uma olhada e não vi nada ali diferente de um ajuntamento evangélico – alegre e fervoroso – p/celebração do culto nem nada semelhante a um “shopping”. Já a Bola de Neve, tem uma no caminho p/meu trabalho e vejo, nos dias de culto, evangélicos jovens (e animados) na porta da igreja, pelo que pude perceber os cultos ali são tb. fervorosos. Não me parece anormal se eles disponibilizam aos fiéis algum material relativo às suas igrejas (livros, informativos, livretos c/hinos, cd´s e dvd´s) nalgum local específico do templo. Eu sinto aversão pela “teologia da prosperidade” porém, não é exato nem justo generalizar; cada caso é um caso – há denominações que efetuam essa prática-; de qualquer modo as pessoas que frequentam as igrejas é que devem decidir. Tudo indica, os fiéis pentecostais estão em paz em suas respectivas igrejas – mesmo que não seja o Cristianismo que, a meu ver, pode ser alcançado (místicos como S. Teresa de Ávila, S. Teresa de Lisieux. S. Francisco de Assis, metafísicos como Meister Eckhart, Johann Gichtel, Jacob Boheme, etc.).
A possibilidade cristã, no ambiente protestante, é, via de regra, não-metafísica ou, ainda, antimetafísica. Entendo que nós – tu e eu – estamos de fato excluídos (eu, porém, aprendi a conviver – e não apenas a coexistir – c/os protestantes). A ortodoxia protestante – da qual é derivada a visão pentecostal – se pauta numa interpretação possível da Bíblia, e, naquilo que, sendo extrabíblico, não se contrapõe aos ensinamentos bíblicos. O Livre Exame de Martinho Lutero deu margem a isto, já que a doutrina oficial da Igreja Católica admite como legítimos, entre muitos, a Índia e o Budismo. À parte seus erros, a Igreja Católica, através da experiência religiosa de seus santos e místicos, consegue enxergar a legitimidade da busca espiritual do Oriente. No mais, alguns pentecostais (os mais espirituais) dizem de nós – e dos ateus – que “eles não conhecem a Deus ainda” – compreensível (ao menos para mim). Mas não estamos sem solução: os pentecostais podem ser fundamentalistas, não são, porém, totalitários. Não há violação da liberdade individual. As nossas vidas continuam (como metafísicos, ateus, etc), pode haver motivos p/sentar e conversar, mas não p/brigar ou se odiar (os ateus poderão reclamar que só aceitam pregação com “hora marcada” – a hipótese de converter isto em lei, porém, é indigna, ignóbil, é a “mordaça” a que me referi – o contato pessoal leva em si a dignidade humana).
8- Comunismo chinês/soviético: há uma diferença brutal entre “pressão econômica, promessas emocionais, coerção de status social” como vc observou e REEDUCAÇÃO (como meu amigo postou: tortura/violação/assassinato e campos de trabalho forçado) e EXPURGOS (pelotões de fuzilamento/execuções sumárias). O comunismo enragé avançou contra o dharma no sudeste asiático usando as práticas usuais (perseguição/proibição/eliminação física dos religiosos). O dharma voltou a florescer no Laos, Vietnam e Cambodja . Para o Tibet, porém, está tudo perdido, a anexação é definitiva. A diáspora nos trouxe os tibetanos. Mas eles não podem voltar p/sua pátria.
Olá Dhanapale. Tudo bem contigo? Espero que sim. E com a sangha também.
1 – Bom, eu me referi a mim mesmo qdo informei que não me irrito qdo os evangélicos dizem que “você busca uma coisa que não existe”. Disse isto acerca da minha própria pessoa. Por quê? Por que o verbo “irritar”? Porque, no dia a dia, eu vejo pessoas que além da paciência curta, tbm. se irritam c/os evangélicos, situação que, reputo eu, é desnecessária. Com relação à Paciência e à Compaixão, referi-me a “nós” os praticantes do dharma, não à jornalista – e a observação tratou-se de uma exortação, presumindo que, eventualmente, uma ou outra pessoa possa vir a ler este nosso diálogo/debate, mesmo que não se trate de um budista (um hinduísta ou até mesmo um evangélico). Um dia, no horário de café da empresa, eu disse qq. coisa, não especificamente a favor dos evangélicos, mas algo da Bíblia que, eu entendo, é verdadeiro. A minha colega esotérica levantou-se do seu lugar e veio a mim, apontou o dedo p/o meu nariz e disse: -”Você também é pastorzinho? Só na Biblia que tem Deus? Que é Deus? Onde Ele está? Qual é o Cep? Qual o endereço?”, lhe respondi que “Deus está em toda a parte e em nenhum lugar…”. Não ficou mais brava comigo.
2/3- Ateísmo/comunismo – existem ateus de direita; e ateus anticomunistas, ateus apolíticos. Afirmei que o ateísmo é doutrina oficial do socialismo/comunismo e a Reeducação/Expurgos, decorrentes das revoluções, da ação do “Socialismo Real”, não são acidentais, têm amparo doutrinal. “A religião é o ópio do povo”. E, segundo Marx, a religião – no caso ele objetivava, essencialmente, em sua crítica, os camponeses apegados à religião e aos valores tradicionais -, é um obstáculo p/o surgimento do “homem novo”, “revolucionário”, e p/a instauração da nova ordem do materialismo científico – o “paraíso Terrestre”. – Ao final, p/Marx, inviável a revolução a partir do campo, a ortodoxia fixou-se na assertiva de que a revolução só poderia ser, essencialmente, urbana- na China, porém, deu-se justamente o contrário.
4 – A Rep. Popular da China destruiu o mahayana chinês e o budismo tibetano. Estamos falando de Reeducação e Expurgos. Houve oportunidades – no Brasil, por exemplo – em que os jesuítas tomaram partido dos índios contra o interesse mesquinho do governo colonial – e foram retaliados, obviamente. Como disse, eu sou contra a teologia da prosperidade – ela é antiespiritual, anticristã e, atente bem, ela não tem respaldo bíblico – e exorto, na medida das minhas parcas possibilidades, que os evangélicos caiam fora disto e se tornem cristãos melhores, mais verdadeiros, autênticos (Acredito que se vai ao culto buscar uma paz espiritual/interior, buscar comunhão com Deus, ouvir obras, orar, cantar, buscar a salvação). A minha vizinha foi p/uma dessas denominações que pautam na teologia da prosperidade, ela não estava bem por causa do divórcio. Um dia eu perguntei-lhe: “E então, como vai indo agora?”, ela entendeu a minha pergunta e respondeu -”Bem melhor, passou a angústia, e outras partes difíceis consegui superar, graças a Deus! Estou de pé, outra vez.”. Eu lhe disse: -”A fé remove montanhas.”. Passado um ano e meio, fui conversar c/ela e ela disse: “-Não estou mais naquela denominação, passei p/uma outra que é mais espiritual.”. E lá se encontra até hoje. Ela tem paz lá, e não sou eu que vou demovê-la.
5/6 – Dhanapale, não zangue comigo. O artigo, em si, não consegue me segurar tanto assim, então, as vezes, nos posts, já que estamos a dialogar, eu estou conversando c/o meu interlocutor (você). Não posso te forçar a endossar ou reconhecer o meu ponto de vista acerca da relação Índia/surgimento do budadharma, mas p/mim ele faz sentido, não é insano. Eu aceito os neopentecostais e, pelo que compreendo da possibilidade cristã, no ambiente protestante, não vejo como mudá-los (nem porquê). Vou ser sincero: não me importo se eles não me aceitam. Não os desprezo nem me sinto superior. Já já respondo os demais itens (Ricardo)
Seu item 7: Você quer dizer então que não vê muitos templos atuais como verdadeiros ‘shoppings da fé’? Você não está a par então que para muitos neopentecostais os budistas estão compactuados com Satanás? Você acha isso uma atitude louvável? É indubitável que uma parcela de devotos de qualquer religião e seita têm elementos radicais e intolerantes. É a esse respeito que o artigo se refere.
Seu item 8: Vejo aqui uma inocência. Comunistas chineses e soviéticos tentaram destruir outras culturas e religiões pela agressão militar. Mas parece que você só enxerga esse tipo de agressão. Forçar a sua religião através de pressão econômica, promessas emocionais e financeiras, coerção de status social, lobbies milionários, o que você chama isso?
Seu item 9: você repete seu argumento anterior de que o artigo da jornalista estaria indo contra os evangélicos. O artigo como eu vejo é sobre respeitar os outros e suas culturas. O que cada devoto faz entre as paredes de seu templo é um problema deles.
O mais curioso de sua posição é que continuamente você prega a aceitação dos evangélicos e de todas as religiões e ao mesmo tempo critica a posição da jornalista, a qual, justamente prega a aceitação mútua, ao contrário do taxista (e o modelo que a jornalista se refere) que faz tudo aquilo que você condena: considera quem não é de sua crença ligado a Satanás, não suporta ouvir a crença do outro, tenta convencer repetidamente o outro para sua própria, etc.
Seu item 1: Você continua insistindo que alguém esteja irritado com os evangélicos por acreditarem no que acreditam. Mas em nenhum ponto do artigo a jornalista se mostra irritada. Você está tentando colocar nela uma reação emocional que ela não manifestou. Em segundo lugar a jornalista não é uma praticante do dharma, não há sentido de você dizer a ela que os praticantes deveriam dar o exemplo, mesmo que ela estivesse demonstrando falta de paciência, o que não foi o caso.
Sei item 2/3: O fato de Brahma Sahampati aparecer nas escrituras budistas não implica que ele seja um deus criador, onipotente e onisciente. Em segundo lugar, como já explicitei anteriormente, não acreditar num deus criador não necessariamente leva uma pessoa a ser comunista e materialista, como parece você continuamente indicar. Além disso não é sobre isso que o artigo da jornalista trata, mas de respeito entre as religiões.
Seu item 4: Quem destruiu o mahayana chinês e tibetano não foi o ateísmo. O nome para seus destruidores se chama interesses políticos e econômicos. O capitalismo selvagem e o mercantilismo da era das navegações sustentadas pelos devotos católicos jesuítas e outros nos séculos 16, 17 e seguintes, fizeram igual ou maior estrago nas culturas ameríndias e asiáticas. O comercialismo e devocionalismo cego de certos evangélicos fez e faz um enorme estrago nas culturas ameríndias e asiáticas, e qualquer um que estude verá o patético trabalho de evangelização no Sri Lanka, Coréia, etc, que mistura há décadas dinheiro, conversão e inclusão social.
Seu item 5/6: Seu ponto sobre o dharma poder ou não surgir na India nada tem a ver com essa discussão, além de ser um exercício meramente hipotético e imaginativo. O artigo trata de respeito entre adeptos das religiões, algo que o artigo mostra que não há por parte de uma considerável parte dos evangélicos quando tentam converter os outros em locais públicos ao mesmo tempo em que não querem escutar as doutrinas dos outros. Na Índia, com suas crenças de ‘um deus’, ‘vários deuses’ e ‘não deus ou deuses’, manteve seu respeito aos outros, inclusive aos ateus e pelos ateus. Além disso sua definição de ateu inclui não apenas não acreditar em um deus criador e pessoal, mas também a crença em vários deuses, o que é uma outra dimensão completamente diferente. Voce parece ser tão admirador da Índia, então, tente conversar com um neopentecostal, que você também parece admirar tanto, e veja se consegue conversar com ele sobre as crenças politeístas, janinistas, budistas, vedanticas, etc. Confira por você mesmo se ele tem a mesma atitude aberta e de aceitação que a jornalista, que você combate, teve lá dentro do taxi.
Dhanapala, desculpe postar 2 vezes (e o google está ruim aqui; não consigo identificar-me). Vou responder o resto do que vc. me perguntou. Me desculpe por êrros de digitação- peço que vc. e quem ler o que estamos a debater os releve -.
O dharma – hindú e budista – busca a Realização Espiritual. O Cristianismo busca as promessas de Cristo e a Santidade (e a santidade, em si, é uma realização espiritual – mas, para um cristão, significa que ele deseja se consagrar um pouco mais a Deus; já um yogin busca a realização espiritual, per si, e ele entende que ela pode ser atingida). O budismo aceita a existência de iluminados e santos em outras religiões -claro as escrituras se referiam às religiões conhecidas, então, e esse reconhecimento do budismo não se refere ao que o Tathagata condenou como doutrinas errôneas -, porém as escrituras budistas, num comparativo, explanam que o fruto do budismo é excelente (o ponto mais alto que uma realização espiritual pode atingir). Bodhidharma ficou 12 anos numa caverna praticando meditação sentada, olhando para a parede. Atingido o objetivo, o dharma foi para a China. Um yogi pode crer em Deus como Deus Criador? Entendo que sim, porém, como ele busca a realização espiritual, ele tem de ter os instrumentos/meios adequados, apropriados para atingí-la e é isto que o dharma propõe fornecer (ensinamentos e técnicas). Se o objetivo for atingido – e isto implica o samadi -, vamos peguntar a ele o que é Deus ou a Realidade Última.
O exame dos evangélicos trazido no texto é depreciativo/desdenhoso. Entendo que os evangélicos devem se pautar na Bíblia e nas práticas cristãs – orações, vigílias, reuniões familiares, adorações -. Não me parece razoável um evangélico “pasteurizado” ou, ainda, não-praticante – prefiro os evangélicos “crús” e praticantes-. Eu aceito os evangélicos como eles são, por isso não os “mato”. Então para mim, as coisas estão resolvidas. Se assim não for, eu não aceito os meus vizinhos (eu moro na periferia), nem a faxineira do meu trabalho, nem o estagiário, nem o vendedor de cachorro quente, etc., enfim, não aceito a população do meu país. Eu, porém, me identifico com a população do meu país, então eu aceito a escolha deles. A minha pergunta foi se “da impaciência, já se vai ao anticristianismo?”. É uma pergunta, não uma afirmação. Não quero mudar os evangélicos: quero que eles se esforcem mais e abandonem coisas ruins como a teologia da prosperidade. É muito agradável qdo os evangélicos conseguem atingir o objetivo deles: um rosto tem um brilho diferente, um jovem emana paz, uma idosa tem um semblante cristão magnífico, etc. A dizer a verdade, gostaria de ver os evangélicos tão cheios de Cristo e do Espirito Santo que eles parecessem embriagados. Assim a diferença entre mim e a jornalista é que não me aborreço quando, na despedida, o taxista insiste para que se vá ao culto. Isto não me causa indignação/impaciência nenhuma.
Só para encerrar, os ateus também se convertem, não só ao budadharma e ao dharma hindú, se convertem ao catolicismo, ao protestantismo e ao islam também. Eu vivo neste país. O povo que está sendo analisado no artigo são os meus vizinhos, as pessoas que vejo no mercado, na feira, nas repartições. São as pessoas que me dão bom dia no meu trabalho.
Em meio ao nosso debate me vem uma preocupação. Ateísmos à parte, os evangélicos tem experiência religiosa na via que amam: essa experiência é verdadeira. Apelo à Sangha que evite contrapor-se aos evangélicos sem motivo, sem causa legítima. Isto traria uma negatividade e toda negatividade tem um custo.
Um abraço. Até uma próxima. Ricardo
-Dhanapala, como vai? Não nos entendemos ainda … mas chegaremos lá. O post tem um limite de caracteres, e não quis postar duas vezes.
1- Já expliquei isto. Eu não consigo me sentir irritado quando um evangélico me diz que a Realização Espiritual é uma meta sem sentido, ou que “você busca algo que não existe” ou ainda que a meditação parece “mediunidade” (sic!). Não me irrito quando eles falam do amor de Cristo ou pregam para mim. Por que alguns se irritam? Eles não têm paciência. O crescimento dos neopentecostais não constitui ameaça nenhuma a ninguém; qdo. um evangélico prega ele está tentando cumprir um dever da sua religião – porém ele pode falhar na tentativa. Eu vou me irritar com isto? Nós, praticantes do dharma, deveríamos dar o exemplo que aprendemos: Paciência e compaixão.
2/3- Os filósofos ateus não se encontram entre o que a Filosofia nos deu de melhor, cá entre nós. Terra Pura/Sukhavati é necessário ser budista, sem sombra de dúvida. O que eu quis dizer é que muitos – não poucos – ateus, quando se fala em Sukhavati/Terra Pura torcem o nariz e questionam: “Aqui no budismo também?”… Mas algo interessante é que o budismo, não sendo teísta, também não é ateu. Sakyamuni atinge a iluminação e Brahmasahampati vem ter com ele e exorta o Tathagata a pregar o dharma. Mas me dá a impressão que vc. entende o budismo como ateu. Se o budismo é ateu por que o tathagata conversa com Brahma? Claro que, no ocidente, há praticantes do dharma que, na sua origem, são ou foram ateus. Quanto aos jainas, o tataghata já os impugnou – e eu também (84.000 reencarnações e você se torna um tirtankara).
4- A ateísmo é a doutrina oficial do comunismo (antiga URSS/cortina de ferro, China, Cuba, Coréia do Norte). Óbvio, nem todos os ateus são comunistas. O ateísmo de tipo ocidental transposto para a comunismo Chinês destruiu o mahayana chinês e tibetano.
5/6- O dharma surgiu na Índia. Um país repleto de fé, crenças inabaláveis, sadhus e mounis, religiosos mendicantes e yogins, místicos, etc. Se a Índia fosse toda ou majoritariamente charvaka (ateísmo materialista) ou mesmo jaina (ateísmo transcendentalista), o dharma não teria como surgir. A atitude ateísta (Não há Deus… não há deuses…) é nihilista (também não há realidade última… samadhi é autohipnose… a verdade não existe) e não cria a Índia para o dharma surgir… O Sânkhya/Yôga é aberto aos ateus. O Budadharma também… Os ateus é que podem se recuperar com o dharma; mas eles não criam religião… Por fim, Deus Pessoal/Criador, Deus Impessoal, Realidade Última, Tao, Natureza Verdadeira, Natureza essencial, Não-dualidade, etc. são formas de abordagem; assim, um é budista, outro é vedanta advaíta ou dvaita, outro vaishnava, outro cristão/judeu/muslim, outro taoísta, outro índio. Até um neopentecostal vem e me pergunta: “Moço, você acredita que existem dois deuses ou que Deus é um só?” – “Por certo que Deus é um só…”. lhe respondo…
7 – Desonestos: “O templo é um shopping da fé” [o templo é um local de culto]. Fanáticos: “Mas ele fora doutrinado para acreditar que um ateu é uma espécie de Satanás”[se foi doutrinado o foi a orar pelas almas]. Retrógrados: “O perigo da tolerância”. O texto fala sobre as famílias, afirma que Deus não é tolerante e incita os fiéis a não tolerar o que não venha de Deus. Tolerar “coisas erradas” é o mesmo que “criar demônios de estimação”.
8-Os evangélicos não têm como forçar as pessoas à sua religião. Não tentam – nem pensam – em fazer o que os comunistas fizeram (a nefasta reeducação).
9- Meu sentido interior me diz o que os evangélicos são o que são e que eles têm experiência religiosa na via que seguem. Então, a última coisa que eu desejo são evangélicos em silêncio: eles não são meditadores – como nós!. Que eles cantem, orem e preguem, porém se esforcem em fazer isto em Cristo. E que nós pratiquemos com afinco e exercendo que nos foi ensinado.
Olá Ricardo. Veja meus comentários aos seus 9 pontos:
1. Enquanto há aceitação e audição por parte do passageiro, o mesmo não houve por parte do taxista. Imagino que o título dado pela jornalista “a dura vida dos ateus” se refira a este tipo de intolerância. Não vi em nenhum parte do artigo da jornalista a proposição de se criar uma “mordaçã” para os evangélicos, como você propôs.
2. Existiram vários ateus na história que se dedicaram à filosofia e não apenas a conquistas de ordem material. Sua crítica não procede. Para se acreditar na Terra Pura ou Sukhavati não é preciso acreditar em Deus. Uma coisa nada tem a ver com outra. Tampouco ter fé é algo exclusivo de evangélicos ou cristãos.
3. O fato de exsitirem jainistas e budistas, que se dedicam a buscas espirituais elevadas e não precisam acreditar num deus criador, já mostra que isso não é incompatível com questões de ordem espiritual. Dá a impressão que você coloca o budismo como algum tipo de crença em deus.
4. Se os comunistas que você conheceu pessoalmente querem destruir a religião ou se comunistas na história, na China e na Rússia soviética que você descreveu, atacaram a religião, isso não os liga ao ateísmo, nem justifica você pular para a conclusão que aqueles que não acreditam num deus criador sejam todos comunistas, destruidores ou incentivadores de prostituição.
5. Sua afirmação de que o ateísmo obstrui o dharma, da mesma forma que o seu visitante, continua sendo uma afirmação não substanciada. Não consigo entender seu raciocício. Você diz que grandes budistas foram grandes yogins, mas o que isso tem a ver com a questão de acreditar num deus criador? Você parece identificar yogui=sentido religioso=acreditar em deus criador. Tal conclusão é feita com base em quê?
6. Você diz que “mesmo numa religião baseada na exatidão, a Fé e a atitude religiosa são necessárias”. Concordo, mas o que tem isso a ver com o tema?
7. Por favor, sublinhe as passagens do artigo da jornalista em que ela chama os evangélicos de “desonestos, fanáticos e retrógrados”
8. Voce está dizendo que o artigo força os leitores a serem ateus?
9. Voce diz que o “texto critica a defesa da fé dos evangélicos e dos seus valores dentro do culto”. Poderia mostrar onde isso é dito? Parece que o que o artigo defende é que não se force a crença evangélica “fora” do culto, nos ambientes públicos, serviços públicos etc. Onde você está lendo que a jornalista combate os evangélicos por entreterem suas crenças dentro de suas próprias igrejas? E onde no artigo da jornalista você vê a defesa de um “anticristianismo”? Você diz que o seu “sentido interior não me permite “matar” os evangélicos”. Alguma parte do artigo da jornalista propõe fazer isso, real ou metaforicamente? Qual parte? Aliás, você diz: “Se algum deles vem pregar p/mim, eu tenho paciência. E tenho paciência c/ateus”. Ora, é engraçado, pois isto que você revela ser a sua atitude, é exatamente a atitude da jornalista/passageiro. O passageiro é relatado como tendo toda a paciência para ouvir o taxista evangélico. Leia o artigo de novo e veja se o taxita teve a mesma paciência e respeito. Conclusão, você discorre sobre 8 pontos para chegar no nono e dizer que sua atitude é a mesma da jornalista/passageiro.
Olá Dhanapala, sou Ricardo autor do 3º post (na ordem). Já me identifiquei p/ninguém ralhar. Os posts 4º, 5º e 6º não são meus, mas da minha visita que estava aqui em casa e tb. é praticante. Vc. enunciou 9 itens; eu, igualmente, e uma conclusão. 1-Deu-se uma conversa informal entre um taxista e seu passageiro, nos termos do artigo, e não vi nada de mais no que foi relatado ali; não vejo qq. situação a justificar uma “dura vida dos ateus”, e achei o taxista simples, mas não mal-educado. Sou contra uma MORDAÇA p/os evangélicos em nome de boas maneiras/regras superficiais de conduta ou porque o crescimento de neopentecostais é uma “ameaça”. Não quero colocar nos evangélicos uma “canga” chamada “tolerância” – a “canga” é forçá-los a uma religião “pasteurizada” com membros “castrados”. A “mordaça” contra os evangélicos vai contra a dignidade humana, é brutalmente pior que qualquer má educação. 2- O ateísmo não cria a Índia para o dharma surgir. Os ateus não se engajam na busca de conquistas que não aquelas de ordem material; a adesão ao samsara lhes é mais que plena e suficiente – pobres dos meditadores e yogins, investindo no que não tem proveito. Se busca ou se vai à Terra Pura sem Fé? Ou ao Paraíso Sukhavati sem uma realização espiritual? É o que quis dizer. Você duvida da existência da Terra Pura ou do Sukhavati? eu não… os ateus põem a mão no queixo ou torcem o nariz (e eu entendo isto). 3- Não disse ser idêntico, mas similar. Eu não me ative nem ao 1º nem ao 2º post, explanei o artigo pelo que nele foi percebido por mim e outras pessoas. Mesmo no Cristianismo, houve Eckhart a explanar a distinção entre Deus e Divindade (como fazem os hindús) e para o protestantismo a visão de Eckhart é inaceitável. Charvakas e jainas não crêem num Deus Criador. O Budadharma e o Shâmkya são NÃO TEÍSTAS – os temas e questões de ordem espiritual (samadhi, nirvana, moksha, realidade última, verdade, planos de existência, meditação) ali estão (o Shâmkya se completa c/o Yôga) -. Onde o ateísmo poderia criar/desenvolver algo assim?
4- O comunismo é cristão praticante? São santos mais elevados que S.Francisco de Assis! Você quer dizer que o ateísmo não é, necessariamente, vinculado ao comunismo. Muito bem. Os chineses usaram, no Tibet invadido, as escrituras como colchão e papel higiênico. No Rússia soviética, os comunistas decidiram soltar as prostitutas e manter cativas as mulheres piedosas (cristãs ortodoxas). Tenho um colega comunista militante e, segundo ele “-Nós vamos acabar com a religião, permitiremos apenas a religiosidade”. 5- Disse que Sakyamuni se opôs aos niilistas e jainas, entre outros. Por outro lado, o ateísmo não cria o dharma, antes o obstrui. O dharma é que, através dos ensinamentos, livra uma parte dos ateus. Porém, dificilmente o dharma nasceria fora da Índia. Grandes budistas, desde o início, foram grandes yogins. Não se é yogin sem um sentido religioso poderosíssimo – o qual o ateísmo não desenvolve. 6- Podem recorrer ao dharma. Mas Ashvagosha escreveu “O despertar da Fé”. E Shantideva o “Bodhicaryavatara”. Mesmo numa religião baseada na exatidão, a Fé e a atitude religiosa são necessárias. 7- Falso. O artigo – não tanto o relato – combate os evangélicos. Como meu amigo sublinhou: os evangélicos são postos como desonestos, fanáticos e retrógrados. 8- O que foi dito é que os evangélicos não têm varinha de condão, nem campo de concentração para forçar ninguém à fé deles. 9- O texto critica a defesa da fé dos evangélicos e dos seus valores dentro do culto. Quanto à passageira e ao taxista, é o que já disse: foi uma conversa informal que mostrou simplicidade e despreparo do evangélico. Da impaciência já se vai ao anticristianismo? Meu sentido interior não me permite “matar” os evangélicos. Se algum deles vem pregar p/mim, eu tenho paciência. E tenho paciência c/ateus (sem levar a sério o ateísmo)-, Sugiro aos praticantes do dharma que tenham paciência com os evangélicos-. É a melhor e mais digna arma…
Olá Anônimo. Peço desculpas por tratá-lo assim mas em seus 4 comentários vc nunca colocou seu nome. Geralmente não respondo comentários anônimos, pois acho que um diálogo deve ser feito entre duas pessoas reais e não entre uma pessoa e um anônimo. Mas enfim, comento apenas algumas coisas de suas palavras. E se quiser de fato dialogar, identifique-se.
Pareceme que vc comete uma série de enganos em relação à sua leitura do artigo.
1. O artigo, se vc o ler com atenção e sem preconceito, não defende essa ou aquela religião, nem é um ataque aos evangélicos no seu direito de escolherem a sua própria religião. O que ele defende é a liberdade de uma pessoa entrar em um táxi sem ter que ser abordado para ser convertido. É a afirmação de que alguém pode ter a religião que quiser, mas não tem o direito de incomodar o outro em serviços públicos para tentar convencê-los de sua própria fé.
2. Vc diz que no paraiso Tushita ou Sukhavati não existem ateus. Baseado em que vc diz isso?
3.Ateismo é não acreditar num Deus criador e onipotente. Isso nada tem a ver com os niilistas e jainistas como vc afirmou.
4.Assimilar o ateísmo às doutrinas comunistas não faz sentido.
5.Porque vc diria que “a posição do ateísmo é também contrária ao dharma e foi condenada por Sakyamuni”? É porque vc tem provas disso ou é sua mera opinião?
6.O ateismo não se opõe necessariamente a todas as concepções transcedentes. Como seu nome diz, a questão dele é com a noção de Deus.
7.Em nenhum momento o artigo combate os evangélicos. Não há má fé como vc constantemente afirma. Apenas não se quer que pessoas que não sejam evangélicas ou cristãs tenham que receber pregação onde quer que vão.
8. O artigo não força ninguém a ser ateu.
9.Os evangélicos podem, sim, pregar o que acreditam, mas em seus lugares de culto. Eles estariam abertos para que ateus e pessoas de outras religiões os bombardeassem querendo convecê-los a se converterem também? Respeito é uma via de mão dupla. A autora do artigo foi muito educada ao entrar no táxi e ouvir as cresças do motorista. Mas quando ela foi falar das dela, o que ocorre? Sabemos muito bem…
Má fé militante. Me suportem só mais essa vez. Quero corrigir o amigo aí em cima. “O diálogo aconteceu entre uma jornalista e um taxista na última sexta-feira. Ela entrou no táxi do ponto do Shopping Villa Lobos, em São Paulo, por volta das 19h30.”. – A Eliane Brum fez a crônica a respeito do relato de uma jornalista. A jornalista é que deve ter karma com os evangélicos… OK
Má fé militante. Eu de novo, desculpem-me. Segundo a Eliane Brum os evangélicos não podem pregar aquilo que eles acreditam, porque algumas pessoas se sentem constrangidas ou com a sua simplicidade ou com certo despreparo da parte deles. Segundo ela, os neopentecostais, dá-se a entender, são desonestos e retrógrados. Tem um monte de pequenas igrejas neopentecostais aqi no bairro. Conversando com essa gente não se vê pessoas desonestas nem fanáticas. Poro outro lado, nas prateleiras do supermercado espiritual tem até o que afirma estar conectado ao budismo e à ìndia (embora, averiguando aquelas doutrinas, se constata não se tratar nem de budismo nem do que a Índia ama e preza); o gosto é conforme o apetite do cliente, não é mesmo? Sempre achei que religião fosse um decisão de foro íntimo, pessoal. Ninguém nem nada me obriga a me interessar pelo budismo ou pela Índia. Só que eu não sou estúpido: vivo num país, onde, como alguém já observou aí em cima, o povo é majoritariamente cristão (católico oou protestante); ora, essas pessoas pagam impostos e têm direito à sua própria identidade e cultura- elas não são propriedade nem do governo, nem devem nada a “jornalistas e acadêmicos” e têm direito de educar seus filhos da melhor maneira que entenderem. Não devem nada aos novos fiscais e espiões da religião. O contrário disto é um sistema totalitário. Agora no Brasil, só o budismo, o vedanta e o yoga são permitidos por lei. Uau!!! Ateísmo santinho, né?
Má fé militante. “Ainda que o crescimento evangélico no Brasil venha sendo investigado tanto pela academia como pelo jornalismo”. A classe média quer entender de religião sem ser religiosa, só porque é mais “culta” e/ou mais educada” (ou quase, deveriam fazer faculdade de religiões comparadas também). Isso é pura má fé. Militância pró-ateísmo (e contra os evangélicos). Poderia atacar os espíritas ou os budistas. Não existe processo – exceto algo como a reeducação comunista (tortura, violações e assassinato) – que possa obrigar quem quer que seja a adotar essa ou aquela religião. Os evangélicos não me incomodam em nada. Se o Brasil virar 99% evangélico (o que não ocorrerá) isto não me incomoda em nada. Pelo contrário, acho que eles deveram buscar mais santidade…
Não acredito que os ateus tenham uma vida dura. Também discordo que os evangélicos sejam talibânicos. Afinal o Cristianismo se adere por fé – não se é cristão praticante sem ter fé, ou seja sem uma adesão interior – e não mera lavagem cerebral. O fato é que determinadas pessoas não têm paciência com os evangélicos – que, no geral, são pessoas simples do nosso povo, onde os mais zelosos passam parte do tempo na igreja – culto/vigílias – ou orando em suas casas (não acredito que pessoas que vão ao culto, fazem vigílas e oram em suas casas representem alguma ameaça à minha liberdade ou à liberdade de quem quer que seja)-. Não costumo exigir das pessoas mas do que eles podem dar, então não condeno nem posso condenar os evangélicos – embora não concorde, por exemplo, com a malfadada “teologia da prosperidade” de uma ou outra denominação evangélica. Nós vivemos num país em que a sua elite pode ser tudo – menos cristã – então não há porque temer por um talibã. O povo pode ser cristão mas a elite que o governa vai em outras direções. Não espere de mim que eu vá por nos evangélicos uma “canga” chamada “tolerância”. Acredito que eles devem ser o que eles são e manter sua fé, esforçarem-se em ser cristãos autênticos e procurar alcançar a salvação e as promessas de Cristo. Acredito que no Paraíso Tushita, no Paraíso Sukhavati e na Terra Pura não existem ateus (no paraíso dos cristãos, também não). Aliás, o budismo nos informa acerca da existência de seis mundos/reinos ou planos de existência, efeito direto da ação moral – desde os mundos celestiais até os mundos infernais (os ateus contestam a existência de tais mundos – ou pelo menos, de cinco dos tais mundos). POr fim, Sakyamuni, em seu tempo, combateu diversas doutrinas errôneas ( “O dhamma pregado no país de Maghada é uma doutrina impura, predicada por pecadores”) e entre as doutrinas errônas constavam charvakas/nihilistas e jainas (ambos lembram bem o que temos por aqui, no nosso país tropical, em termos de ateísmo e certas seitas que misturam suas doutrinas “sublimes” ao dharma budista e hindú). Com relação aos ateus, o que vejo nos ateus é o que Aristóteles denominou APEIROKALIA (falta de percepção das coisas mais altas, mais finas e/ou mais sublimes); não encontrei ainda nenhum ateu que não apresentasse uma espécie de incapacidade/bloqueio interior em relação a assuntos de ordem espiritual.
Se a Índia fosse atéia o budismo surgiria em outro lugar (seria possível o dharma ter lugar na antiga URSS de Lênin/Stalin e seu Gulag? ou na República Popular da China – que estuprou, castrou e mutilou o Tibete – materialmente, culturalmente e espiritualmente? Os chineses informaram aos povo tibetano – depois de prenderem, expulsarem ou matarem os lamas e extinguirem os monatérios – que quem se preocupa com o dharma não trabalha…).- Não deixo esse recado para polemizar, estudei o Theravada e o Mahayana e não encontrei nada que fosse favorável à posição dos ateus; sinceramente, se levamos conosco o “archote do dharma” é bom termos certo que a posição do ateísmo é também contrária ao dharma e foi condenada por Sakyamuni.
Por fim, com relação à Sra. Eliana Brum, assim me parece, o que aconteceu com ela costuma acontecer com pessoas que, não sendo membros de denominações cristãs, as visitam por algum motivo- diria que – sem querer insultar nenhum ateu – , ela tem karma com os evangélicos -…
Não vejo nada de respeitável no ateísmo ( o ateísmo se opõe, não só à religião, mas a toda e qualquer concepção transcendente como Nirvana, Arhat, Realdiade ùltima, e óbvio, a todo engajamento religioso, esforço espiritual), então não o respeito, absolutamente. Aos evangélicos e ateus, se deve ter paciência, porém, há uma diferença: um cristão praticante pode alcançar as promessas de Cristo, um ateu convicto pode passar o resto de sua vida sem se envolver nem com a religião nem com o dharma… Se Deus existe, a Srta. Brum e outros que “compreendem” como ela, correm o risco de ir para o Inferno…
Anônimo,você começou com um discurso tentando mostrar que não há intolerância com os ateus. Porém no decorrer do texto,você mesmo se mostrou intolerante,preconceituoso e incapaz de aceitar a existência de ateus. E ainda usou o Budismo para defender sua intolerância,o que é totalmente um contrassenso.
Concordo com o comentario acima. Ateu não significa sem religião, mas a crença não não existencia de um deus criador e absoluto.
Existem ateus religiosos, como é o meu caso, um Budista (antes de tudo) e ateu.
Primeiro, deixar claro que ateu significa estritamente não crer em deus ou deuses como esntidades criadoras da existência. Não é sinônimo de materialismo.
Depois, vamos refletir o que está por trás (causas e condições) deste fenômeno talibânico descrito pela cronista…
Não é possível comentar.