‘Eu acho que há uma tendência no mundo buddhista, particularmente no Ocidente, de ver o estudo como um adjunto não essencial à “prática”. Isso reflete o quanto a comunidade do Buddhismo Ocidental carrega o legado da década de 1960, que era um movimento romântico, anti-intelectual, que denegriu o estudo e a teoria em favor da experiência direta. É compreensível o motivo pelo qual isso ocorreu naquele tempo, mas acho perigoso perpetuar essa visão. Ela arrisca o surgimento de uma discussão acrítica do ensinamento do Buddha de forma a não propiciar um relato racional e coerente do que é a prática buddhista. Se houver contradições internas no que alguém diz, isso não parece um grande problema afinal, alguém pode contrair os ombros dizendo que são “apenas ideias”.
A tradição buddhista, no entanto, possui uma forte linha racional e crítica que a percorre. Os textos pāli não dão a impressão de que o Buddha é um romântico amante do paradoxo. Ele é um dialético muito hábil. Ele questiona e raciocina com rigor e clareza, e possui uma enorme habilidade na utilização de metáforas. Ele possui uma grande sensibilidade em relação ao poder da linguagem e das palavras e como utilizá-las de maneira transformativa e frequentemente provocativa. Ele era a fonte da tradição que deu origem aos grandes pensadores buddhistas, tal como Nāgārjuna, que desenvolveu o lado crítico e racional dos ensinamentos do Buddha e que deram origem às diferentes escolas da filosofia buddhista‘.
~ Stephen Batchelor ~ sobre o papel do estudo na prática do Dhamma
Tb acho que o lado racional ajuda muito e é uma forma de manter os ensinamentos, que sao dificeis, mais próximos de nós
abçs
Mais uma oportunidade para se aplicar o caminho do meio, certo? Afinal só o intelecto não nos salva também, e preciso estar vigilante a experiência direta.
Acho que vai depender de onde você procura.
Isto está mudando, não está?
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