A importância das pausas em nossas vidas tem ainda outra vantagem. Ela vai contra nossa arraigada cobiça. Podemos percebê-la facilmente quando notamos o quanto tentamos fazer ao mesmo tempo. Querer sedento. “Multitask”. Ao colocar pausas ao longo do dia vamos relaxando e criando novas tendências mentais para contrabalançar a cobiça. Aprendemos a parar e esperar.
O exemplo que Thanissaro Bhikkhu oferece a respeito da raiva pode ser igualmente aplicado à cobiça. Ele diz: “Se, por exemplo, você está sentindo raiva de alguém, pergunte-se: ‘Como eu estou respirando agora? Como posso mudar a maneira que eu respiro para que meu corpo possa se sentir mais confortável?” A raiva, muitas vezes, gera uma sensação de desconforto no corpo e você sente que precisa se livrar dela. As formas comuns de se livrar dela são duas, e ambas são inábeis: ou você a oculta reprimindo-a, ou tenta descarregá-la do seu sistema, liberando-a em suas palavras e atos”. No caso da cobiça, temos também uma sensação, mas agora de conforto, o perigoso prazer da aquisição. Aqui também a mente mais vigilante percebe que deve parar. Ela vê que isso é um perigo.
Como diz Ven. Sri Dhammananda: “Se uma pessoa executa uma ação a partir da ganância, ódio ou ilusão, sua ação é considerada como sendo insalubre”. É essa sensibilidade que diferencia nosso estado de sabedoria em oposição ao nosso estado ignorante. Ven. Sri Dhammananda complementa: “Se alguém executa uma ação a partir do amor, caridade e sabedoria, sua ação é saudável”. Conseguiremos desenvolver essa sensibilidade? Como fazer isso? Esse poderá ser um tema para a próxima folha…