Considero este artigo um dos mais importantes para entendermos de fato a vida do Buddha segundo os relatos mais antigos que chegaram até nós. Encontrei-me com seu autor, o Dr. Mettanando, um número de vezes na Índia e na Tailândia, onde participamos de conferências nesses países, e acredito ser um artigo único em analisar medicamente os indícios deixados nos suttas, e revelar a faceta humana do grande mestre, e nos emocionar ao imaginar aquilo porque passou. “Como o Buddha Morreu” analisa as várias teorias comentando o que poderia ou não ter acontecido nos últimos meses de sua existência, revelando um Buddha humano, completamente diferente da imagem idealizada que foi se formando ao longo dos séculos, até transformá-lo num ser completamente transcendente e divino, mas cujas sementes podem ser vistas já no principal sutta que relata sua morte, um sutta ele mesmo mais tardio em sua composição final e formado de diversos extratos justapostos em forma de narrativa.
Como o autor diz: “O sutta, ou discurso, descreve duas personalidades conflitantes de Buddha, cada uma ocupando o lugar da outra ao longo do texto. A primeira personalidade é de alguém que fazia milagres, que transportou a si mesmo e sua comitiva de monges pelo rio Ganges, que tinha uma visão divina da distribuição dos deuses na terra, que poderia viver até o fim do mundo desde que alguém o pedisse, que determinou o momento da própria morte, e cuja morte foi glorificada por uma chuva de flores celestiais, pó de sândalo e música divina. A outra personalidade é a de um idoso com a saúde decadente, que tinha quase perdido a vida por uma dor intensa durante seu último retiro em Vesali, e que foi forçado a aceitar os termos de uma doença inesperada e morrer depois de ingerir uma iguaria oferecida por um anfitrião generoso“.
Nossos agradecimentos a Aristein Woo por ter atendido nossa chamada por um médico para traduzir o artigo, o qual pode ser acessado aqui: “Como o Buddha Morreu“.