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Um dedo apontando para a impermanência

Sayagyi U Ba Khin

Os Princípios Essenciais do Buddha-Dhamma na Prática Meditativa foi um dos primeiros textos sobre vipassana que eu li. Em poucas páginas, o famoso mestre U Ba Khin, para mim, na época, completamente desconhecido, resumia a essência do Dhamma do Buddha de forma clara e direta.

Naquela época no Brasil o conhecimento sobre o Buddhismo era muito limitado. Basicamente havia apenas templos de origem japonesa, a maioria voltada apenas para os ritos e cerimônias servindo a própria colônia de imigrantes. Então, o conhecimento sobre a tradição Theravāda, ainda mais uma linhagem específica pertencente à Birmânia, era impensável, e foi preciso ir morar nos EUA para travar esse primeiro conhecimento. Nos anos que se seguiram, e com o aprofundamento da prática, as causas e condições surgiram para que pudéssemos trazer uma das ramificações da linhagem de U Ba Khin ao Brasil. Sete praticantes que já tinham feito retiros nessa linhagem vieram de outros estados do Brasil e de outras partes do mundo para ajudar. Com a ajuda dos membros e da infraestrutura do Centro Buddhista Nalanda comecei a tradução de todo o material necessário, artigos de divulgação, programação, resumos das palestras, bem como a divulgar através do uso de nossa base de endereços. Os membros do Nalanda tiveram um papel essencial de suporte a toda a infraestrutura do retiro, o qual realizamos numa casa de retiros de freiras católicas, em 1994 com a participação de 47 pessoas. Foi o primeiro retiro de 10 dias realizado no Brasil, o segundo da América Latina.

Em Os Princípios Essenciais do Buddha-Dhamma na Prática Meditativa Sayagyi explica o papel fundamental da percepção da impermanência no caminho da iluminação. Quando lemos livros de Buddhismo sempre lemos muitas menções à impermanência. É dito que é uma característica universal de todas as coisas e que devemos vê-la em nossos corpos, mentes, nos ciclos da natureza, em nossa própria vida. Tudo isso é, sem dúvida, importante, mas mesmo por meio de reflexão contínuo, esse conhecimento permanece num nível teórico e, portanto, superficial. O Buddha não diz que apenas percebamos a impermanência de forma genérica, mas aponta a vivência profunda e aguçada da impermanência, algo que somente é feito de forma cabal por meio de vipassanā, o presente dado pelo Buddha para o mundo. Fico feliz que agora este artigo de Sayagyi (Professor) U Ba Khin tenha sido traduzido e figure no site do Nalanda.

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