“Você pode manter a consciência ao reduzir a velocidade, simplesmente. Como se sabe, quando nos movemos num veículo muito rápido, não somos capazes de notar as coisas ao redor. Se quisermos ver nosso entorno em detalhes, bem claramente, então o veículo precisa se mover bem devagar. Decorre daí que é somente ao conseguirmos diminuir bastante o ritmo, que passamos a ver muito detalhadamente, muito claramente, o que acontece em nossa mente e corpo, momento a momento. Do mesmo modo, podemos notar coisas externas bem detalhada e claramente.
A esse respeito, uma coisa que podemos descobrir com mais e mais consciência e diminuição da velocidade é a intenção que surge antes de fazermos qualquer coisa. Fazemos coisas tão rapidamente, que mal nos pegamos intencionando fazê-las. Mas, com mais e mais observação das intenções, você perceberá que há mais e mais consciência, de modo que há uma conexão entre observar a intenção e a prática da conscientização.
Além disso, pegar-nos intencionando tem implicações muito importantes, de modo que não nos apressamos a fazer as coisas, principalmente na vida diária. Antes de falar, se conseguirmos nos pegar com aquilo que diríamos, acredito que não iremos ferir outras pessoas e não usaremos nossa fala de modo não saudável ou inábil.
Da mesma forma, antes de agir, se conseguirmos fazer uma pausa e tentar perceber a intenção por trás de um ato qualquer, aí então, mais uma vez, poderá ocorrer uma transformação natural em nossa ação. Certa ocasião, o Buddha conversava com seu filho, Rāhula. O Buddha perguntou-lhe: Qual é a finalidade de um espelho? E o pequeno respondeu que a finalidade de um espelho é refletir. Então, o Buddha disse que, do mesmo modo, deveríamos refletir sobre nossa fala e nossas ações antes de executá-las. Mas para exercitar essa reflexão, há que se ter consciência e há que se fazer uma pausa.
Outro aspecto de se observar a intenção é que tal observação pode realmente nos permitir descobrir as reais motivações de nossas ações. Assim fazendo, podemos compreender a nós mesmos verdadeiramente, conhecer quem somos, o tipo de pessoa que somos. Isso nos permitirá ver o lado positivo e o negativo em nós. É muito importante enxergar ambos os lados“.
Um ensinamento do prof. de dharma Godwin Samararatne, traduzido por Rosana L.