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Ouvir o Dhamma

As recompensas de ouvir o Dhamma

Dos três modos de apreender o Dhamma é dito que ouvi-lo é o primeiro, e isso implica se colocar nas condições apropriadas para tal. Desnecessário dizer que para ouvir o Dhamma apropriadamente uma dupla condição deve ser satisfeita: Que o Dhamma ouvido seja claro e verdadeiro, ou seja, que seja de uma fonte confiável; e que o ouvinte o ouça com a maior claridade e limpeza mental possível, condição cuja falta levará à deformação daquilo que é ouvido. Ouvir é considerado um dos cinco tesouros, explicado pelo Buddha assim: “Como, bhikkhus, se é alguém que ouve? Aqui, bhikkhus, um nobre discípulo ouve muito. Ele guarda aquilo que ouviu, ele acumula aquilo que ouviu”.

Implícita na ideia de ouvir muito (bahussuta), que nos tempos modernos poderíamos também incluir estudar muito (a partir, sempre, de fontes confiáveis), está o de reter aquilo que foi ouvido, pois se algo não é retido, ou perdido pouco após ter sido ouvido, não se poderia falar de ouvir realmente. Esse ouvir sem confusão é, assim, um ouvir com vigilância, um ouvir em que nos lembramos exatamente daquilo que deve ser lembrado e como deve ser lembrado e, portanto, deve ser também um ouvir com intencionalidade, a intenção de reter com vigilância (sati) e penetrar (pannā) seu significado.

Agora se torna mais claro entendermos o conjunto de condições presentes no ato de ouvir o Dhamma. A atenção sábia (yoniso manasikara) traz vigilância e sabedoria para o ato de ouvir, mas esse ainda necessita duas condições prévias sem as quais o ato não pode se dar. A atenção sábia e a vigilância resolvem a primeira condição à medida que elas eliminam a distração, cuja presença torna impossível o ouvir corretamente. Mas é a sabedoria a responsável por solucionar o problema da segunda condição, que é a associação com pessoas verdadeiras.

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