Precisamos estar conscientes |
“Quando vemos algo, imediatamente nossas associações passadas surgem. E, de nossas associações passadas, de nossos gostos, desgostos, e de nossas identificações, surgirão todos os nossos desejos, e surgirá o nosso ego, e, da mesma forma, surgirão nossas ideias formadas e nossos preconceitos. Todas essas coisas surgem, e isso nos impede de vermos as coisas como elas são sem distorções. Esta é uma área muito importante e interessante para observarmos em relação ao trabalho da percepção.
Ao ingerirmos um alimento, por exemplo, é muito interessante descobrirmos o ponto em que sentimos a nossa comida. De certa forma é quando primeiro a vemos e, a partir daí, começamos a degustá-la com todas as nossas associações passadas, com nossos gostos e desgostos. Mesmo antes de começarmos a comer, provamos nossa comida mentalmente. Este é um exemplo de como as percepções dão origem a conceitos, ou de como os preconceitos surgem.
A mesma coisa pode acontecer em relação ao ouvir também. No Sri Lanka, atualmente, há muitos rumores sobre bombas. Quando alguém no Sri Lanka ouve o som de um ‘clique’, imediatamente pode sentir medo, associando o som inocente a uma bomba. Por causa dos nossos sentidos (a visão, a audição, o olfato, o paladar, o tato e, claro, o pensar) nós criamos um mundo à nossa própria maneira. Distorcemos as coisas, o que nos impede de vê-las como elas são.
Precisamos de consciência para realmente apreciar as coisas. Se tivermos consciência, poderemos começar a desfrutar até mesmo de pequenas coisas, como uma flor, uma folha, uma formiga, o som de um pássaro bebendo alguma coisa. Pode fazer a diferença se sua consciência, sua atenção está lá enquanto você está vendo, degustando, ouvindo, e assim por diante. Você pode ser capaz de ver algo como se fosse a primeira vez. Esta é uma bela qualidade que alguém pode desenvolver com a consciência. Se você puder ver as coisas como se fosse a primeira vez, você realmente se tornará vivo quando isso acontecer“.
Um ensinamento do prof. de dharma Godwin Samararatne, traduzido por Marílis T.