“Há dois tipos de dhamma: dhamma como ferramenta e dhamma como objetivo desejável de prática. Por exemplo: as Quatro Vias do Poder (iddhipāda) são um dhamma como ferramenta; e as Nobres Vias-Nobres Frutos (magga-phala) e o ‘nibbāna’ são dhammas como objetivo desejável. Entretanto, alguns dhammas como os preceitos (sīlas) podem ser classificados em qualquer uma das categorias, dependendo de onde e quando são usados”.
Segundo Ajahn Buddhadasa podemos ver as coisas e, principalmente, os ensinamentos do Buddha, a partir de duas perspectivas: enquanto ferramentas e enquanto objetivos desejáveis. Por exemplo, preceitos ou sīlas são aquelas condutas que levam à harmonia entre os homens. A harmonia em si é um objetivo desejável. Mas os preceitos também são meios para atingirmos a paz interior, a estabilidade mental, e mesmo a purificação da mente.
Podemos exercer nossa discriminação, entendendo as coisas seja como ferramentas, seja como objetivos. Geralmente as pessoas não têm isso claro em suas mentes. Tomamos como objetivo algo que não passa de meio. O dhamma tem várias dimensões e aplicações. O fundamental aqui é que devemos entender os dhammas e aplicá-los cada qual em seu devido nível e situação. O dhamma pode ser veiculado em diversas linguagens. A questão essencial é, então, que saibamos aplicar o dhamma adequadamente para os diversos tipos de pessoas e situações.