Dentre as mais magníficas ferramentas estão as “Quatro Vias do Poder” (iddhipāda). Essas quatro vias ou bases são estimuladoras da estabilidade mental. A primeira delas é o desejo e as atividades volitivas ligadas ao esforço. O Buddha incentiva que o caminho espiritual seja movido pelo desejo. Vemos aqui novamente o uso do desejo no sentido positivo. O bom desejo tem intenção. O bom desejo tem propósito. O bom desejo almeja uma mente centrada e estável. Se o desejo, no entanto, se distrai na direção de objetos sensoriais, para o prazer ou para as coisas superficiais, ele deixa de ser uma base para o poder espiritual. Do mesmo modo, o desejo tenso ou contido, sem a amplidão dada pela visão do caminho, é inútil como fator para a estabilização mental.
A segunda via ou base do poder espiritual é a energia e as atividades volitivas ligadas ao esforço. A energia põe em ação o desejo pelo objetivo almejado. Poderíamos dizer que este não é um caminho para os fracos. Não é para os indolentes, nem para os preguiçosos. A pouca energia é inútil. Muita energia acompanhada de agitação também de nada serve. Ela cria inquietude, dispersa os esforços.
A terceira via ou base consiste da mente e das atividades volitivas ligadas ao esforço. Aqui o Buddha incentiva que avaliemos o estado da mente. A mente está desleixada? Ou está tensa? Está constrita internamente ou distraída externamente? Queremos desenvolver um estado mental aberto, amplo, luminoso.
Finalmente, a investigação e as atividades volitivas ligadas ao esforço completam as vias ou bases do poder espiritual. É incentivado o esforço contínuo na faculdade de investigação da realidade. A investigação deve ser bem dirigida e focada nos objetivos supremos. O praticante tem interesse, curiosidade, dedicação em aprender e inquirir. As “Quatro Vias ou Bases do Poder” são ferramentas à nossa disposição, meios para a obtenção dos frutos do caminho.