“Pode surpreender a buddhistas ocidentais que muito do nosso acesso a traduções para o inglês do Cânone Pāli do Buddhismo Theravāda repousa sobre o trabalho pioneiro da estudiosa do século 19 C.A.F. Rhys Davids. Uma tradutora prolífica da literatura pāli, C.A.F. Rhys Davids produziu muitas obras pelas quais nossa erudição moderna está em dívida”.
O tema deste abrangente artigo de Dawn Neal que consta da Revista Sati, número 2, é C.A.F. Rhys Davids, uma das pioneiras do estudos da literatura pali no final do século 19. Para todos aqueles que se interessam pela história do Buddhismo no Ocidente, este artigo resume a vida de uma mulher excepcional que teve um papel chave para muito do que veio a seguir.
Caroline Augusta Foley Rhys Davids nasceu em 1857 e logo se distinguiu nos estudos acadêmicos estudando filosofia, teoria político-econômica, psicologia, letras, sânscrito e pali. Em 1894 casou-se com Thomas William Rhys Davids, seu colega, advogado acadêmico, por vezes professor, e fundador da Sociedade de Textos Pali, uma das instituições mais importantes da em todo mundo para os estudos da língua pali.
Neal aponta que “apesar de seus muitos livros populares, sua marca principal em estudos buddhistas foi feita como editora, tradutora, ‘e interpretadora controversa de textos buddhistas’”. De fato, podemos ver em C.A.F. Rhys Davids duas fases distintas, a primeira como uma tradutora e intérprete brilhante e inovadora dos textos buddhistas e uma segunda fase, influenciada pela “morte trágica de seu filho na Primeira Guerra Mundial”, o que “precipitou um ponto de virada na vida e na carreira de C.A.F. Rhys Davids. Enlutada, como muitos pais durante a guerra, Caroline Rhys Davids buscou consolo em um fenômeno cultural que varria a Inglaterra naquela época: o Espiritismo”.
C.A.F. Rhys Davids passa a buscar nas escrituras antigas do Buddhismo novas interpretações que possam apoiar suas novas crenças. “Sua pesquisa refletia uma busca pessoal para amenizar sua dor integrando sua crença no Espiritismo com seu extenso conhecimento sobre o Buddhismo”. Suas novas interpretações chamaram a reação do mundo acadêmico buddhista.
C.A.F. Rhys Davids é dona de uma prosa inconfundível, rebuscada, própria do século 19. Uma de seus maiores interesses era a psicologia e a ética. No campo da tradução suas observações brilham pela análise textual inovadora e investigativa. Como diz Welbon, para dizer de modo conciso, Caroline Rhys Davids tornou a análise textual sofisticada “indispensável para o campo dos estudos buddhistas”, tendo influenciado gerações de acadêmicos buddhistas.
A vida e as contribuições deste grande nome feminino dos estudos buddhistas pode ser lido na íntegra em As Contribuições das Mulheres para o Buddhismo: (Revista Sati #2)