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Sobre a generosidade

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por Derley Alves

Gostaria de falar nessa primeira postagem sobre generosidade. Esta é uma virtude fundamental sem a qual o dhamma não teria se espalhado e durado tanto. Isto porque no tempo do Buddha o padrão era que todos os monges saíssem logo cedo para coletar os alimentos fruto da generosidade dos seguidores leigos. Hoje em dia, os monges podem aceitar doações em dinheiro, embora não possam oferecer serviços remunerados e apenas uma minoria faz essa coleta, sendo mais comum que os leigos levem a doação até o monastério.

Ser generoso não quer dizer sacrificar a própria vida, causando sofrimento para si e para os que dependem de você. A pessoa deve ser generosa dentro de suas condições e ninguém deveria olhar feio para alguém cuja condição o impede de ser generoso do modo mais óbvio que é com a oferta de apoio material (comida, roupas, remédios). Se varrer o chão ou ajudar a arrumar a sala é o que alguém pode oferecer, devemos aceitar alegremente. Ser generoso enriquece o praticante, fortalece o Sangha e conduz ao sucesso no caminho, posto que ajuda a desenvolver uma atitude de desapego.

Penso que é importante atentar também para generosidade que emana do Sangha. O seguidor leigo é generoso ao dar apoio aos monásticos, mas a vida monástica é ela mesma generosidade. Afinal, a pessoa que escolhe o caminho monástico transforma toda sua vida num grande ato de generosidade. Pensemos também na generosidade de todos os professores que dedicam todo seu tempo a ensinar e no quanto é difícil ter que lidar com as peculiaridades de cada aluno. Pensemos por fim na generosidade do professor de devas e humanos, o Buddha, que movido pela compaixão foi generoso a ponto de nos deixar como legado o caminho para acabar com o sofrimento.

Derley Alves

Professor de filosofia e praticante buddhista da escola theravada. Membro do grupo Nalanda. Estudante da relação entre buddhismo e ocidente.