A ÚLTIMA VEZ
A partir da primeira vez em que você segura seu bebê em seus braços,
você nunca será a mesma.
Você poderá desejar ser a pessoa que era antes,
quando tinha liberdade e tempo,
e nada em particular lhe preocupava.
Você conhecerá o cansaço como jamais havia conhecido,
e os dias virarão dias que são exatamente os mesmos.
Plenos de amamentação e arrotos,
trocas de fraldas e choros,
choramingos e lutas,
cochilos ou a falta deles.
Pode parecer um ciclo sem fim.
Mas não se esqueça…
Há uma última vez para todas as coisas.
Haverá uma vez em que você amamentará seu bebê
realmente pela última vez.
Ele dormirá sobre você depois de um longo dia,
e essa será a última vez em que você segurará seu bebê adormecido.
Um dia você o carregará em sua cintura,
e o colocará ao seu lado.
E nunca mais o segurará da mesma maneira outra vez.
Você escovará seus cabelos na banheira uma noite,
e daquele dia em diante ele desejará tomar banho sozinho.
Ele segurará suas mãos para atravessar a rua,
e nunca mais a buscará.
Ele se arrastará até seu quarto à meia-noite para um abraço
e essa será a última vez em que você acordará desse jeito.
Numa tarde você estará cantando “as rodas do caminhão”,
imitando todas as ações,
e então jamais cantará aquela canção para ele novamente.
Ele lhe dará um beijo de adeus no portão da escola,
e no dia seguinte pedirá para andar sozinho até o portão.
Você lerá uma última estória de dormir à beira da cama,
e limpará uma última vez sua face cheia de sujeira.
Um dia ele correrá até você com os braços levantados,
realmente pela última vez.
O fato é que você nem mesmo saberá que é a última vez
até que não haja mais vezes, e, mesmo então,
levará algum tempo para você perceber.
Então, enquanto você estiver vivendo durante esses tempos,
lembre-se de que há apenas um número limitado de vezes,
e quando elas passarem
você ansiará por apenas mais um dia com tais coisas.
Por uma última vez.
Poema de Autor Desconhecido a respeito do crescimento de nossos filhos
trad. Ricardo Sasaki