Pular para o conteúdo

Buddhismo em um Mundo em Transformação (na Sibéria)

Cerimônia de abertura

No mês de agosto tive o privilégio de participar da conferência científica internacional “Buddhismo em um Mundo em Transformação” realizada no Instituto de Estudos Mongóis, Buddhistas e Tibetanos, da Sibéria, em Ulan-Ude, na República da Buriácia.

Os participantes foram recebidos por Aldar Gulgenov, Vice-Presidente e Chefe da Administração do Governo da Buriácia, que observou: “Algumas mudanças trazem alegria e esperança, enquanto outras causam ansiedade e preocupação para o futuro do nosso planeta. Nem todas as tradições preservadas pela humanidade devem ser descartadas cegamente. As tradições buddhistas provaram sua força e eficácia. Hoje, nesta conferência científica-prática, discutiremos muitas questões relevantes sobre a história do buddhismo, sua teoria, prática e interação com a ciência moderna”.

A relevância do evento também foi enfatizada por Boris Bazarov, Diretor do Instituto de Estudos Mongóis, Buddhistas e Tibetanos da Filial Siberiana da Academia Russa de Ciências: “Decidimos iniciar o programa com uma conferência científica com base na experiência do fórum do ano passado: desenvolver soluções ótimas e acordadas para a cooperação internacional futura e definir com mais precisão as direções para o desenvolvimento do budismo no mundo moderno. Observamos que em apenas um ano, a situação mudou radicalmente, mas está se desenvolvendo em uma direção que muitos de nós antecipamos no ano passado. O mundo está mudando, as condições para nosso desenvolvimento estão mudando, mas ao mesmo tempo, um novo fundamento está surgindo que nos permite retornar às raízes profundas dos ensinamentos buddhistas. Isso nos permite examinar de forma abrangente os relacionamentos humanos modernos, desde simples aspectos cotidianos da existência até as categorias mais altas definidas em nossa filosofia mais avançada hoje”.

Após a cerimônia de abertura, a conferência propriamente dita começou às 13h00, onde tive a oportunidade de conhecer pesquisadores de diversas partes do mundo que estavam reunidos para discutir temas relacionados aos estudos buddhistas. Diversos painéis de discussão ocorreram focados em quatro eixos temáticos:

  1. Estudos buddhistas na Rússia e no mundo: experiências, problemas e perspectivas.
  2. Fontes buddhistas e a filosofia do buddhismo.
  3. A história do buddhismo.
  4. Ciência e buddhismo: paralelos, interações e formas de resolver os problemas globais de nosso tempo.

Durante esses painéis, diversos estudiosos, principalmente da Rússia, compartilharam suas pesquisas e perspectivas sobre a influência do buddhismo em diversas áreas do conhecimento. Fiquei particularmente interessado na discussão sobre os estudos buddhistas na Rússia, uma área pouco conhecida pelos estudiosos ocidentais.

Com algumas pausas para um café e lanches, toda a tarde de apresentações ocorreu no prédio do Instituto de Estudos Mongóis, Buddhistas e Tibetanos do Ramo Siberiano da Academia Russa de Ciências. Esse Instituto possui uma das maiores coleções do mundo de manuscritos impressos escritos em línguas orientais e documentos de arquivo exclusivos, materiais audiovisuais, e coleções de livros e arquivos coletadas ao longo de 100 anos, fazendo parte integrante do patrimônio nacional da Rússia. Seus arquivos cobrem obras de filosofia buddhista, obras de história, poesia e estética, cosmologia e astrologia, medicina e farmacêutica, literatura ritual, obras de arte e dicionários.

A coleção mongol contém mais de 6500 manuscritos e xilogravuras mongóis, sendo uma das maiores pelos padrões mundiais. A pérola escondida é um conjunto manuscrito do Kanjur da Mongólia, um dos três mais completos conhecidos no mundo científico. As listas de crônicas da Buriácia também são únicas, sendo uma fonte inestimável sobre a história do povo buryat. Tudo isso constitui uma base fundamental para o estudo da história e da cultura dos povos da região do Baikal, da Ásia Oriental e Central.