Ajahn Chah |
Frequentemente pessoas chegam no Centro Nalanda com a pergunta: “Como praticar o Buddhismo?”. E mesmo frequentadores antigos de vários centros buddhistas, quando não se sentam para meditar tão frequentemente quanto gostariam, costumam dizer: “Eu não estou praticando muito!”. Mas em que medida ‘sentar-se em meditação’ realmente é a prática buddhista? Infelizmente, os meditantes de fim de semana ou, então, aqueles que só se sentam na reunião semanal que frequentam, não veem outras oportunidade de praticar. São pessoas com família, trabalho, tantos afazeres na vida “lá fora”; não sobra muito tempo para se sentar. Essa visão extremamente estreita da “prática” provém da falta de uma compreensão mais abrangente do que é o caminho do Dhamma. Nos ensinamentos originais do Buddha, tão enfatizados pela tradição Theravada, a real prática começa no ponto de contato, o exato instante em que nossos sentidos despertam e “tocam” o “mundo”.
Quando vivemos num mosteiro ou numa comunidade buddhista, geralmente há muitos períodos de meditação. Mas também aprendemos a aproveitar “todos os momentos”. Varrer, limpar, cozinhar, mesmo conversar são grandes momentos de prática. Tolerância, atenção, compreensão, amizade, compaixão. A prática é muito maior que o simples se sentar numa almofada. Como diz Ajahn Chah: “Quer vocês estejam em pé, sentados ou andando, em diversos lugares, vocês podem sempre estudar as coisas que estão em sua volta. Nós estudamos de forma natural, receptivos a todas as coisas, sejam elas visões, sons, cheiros, gostos, sentimentos ou pensamentos. A pessoa sábia considera todas elas“. E assim, fazendo, não perdemos tempo. À pergunta: “Eu não tenho tempo para praticar o Dhamma”, Ajahn Chah responde: “Então como pode você ter tempo para respirar?”
“Vivendo no mundo com o Dhamma” foi traduzido por Gabriela Carneiro e mostra mais um ensinamento contundente de Ajahn Chah. Espero que desfrutem deste presente do Dhamma.