O Buddhismo tem chegado ao Ocidente sendo admirado principalmente por suas doutrinas e prática meditativa. Os ensinamentos do Buddha que parecem ser tão atuais, atraem as mentes que neles encontram explicações razoáveis para vários aspectos da vida. A meditação, então, é uma das facetas do Buddhismo que mais atraem os ocidentais, fornecendo recursos infindáveis para lidar com a própria mente e emoções.
Mas não é à toa que nos países asiáticos, o caminho espiritual buddhista não começa nem com o estudo nem com a meditação, mas sim com a moral. No Tríplice Treinamento, o Buddha delineia o caminho enquanto Comportamento Moral, Estabilização Mental (na qual se inclui a meditação) e a Sabedoria. Não há dúvidas para o oriental de que o caminho começa com um compromisso ético profundo. Para ele e para o Buddha, de nada adianta estudar e estudar, decorar ensinamentos ou mesmo saber discorrer razoavelmente sobre eles; de nada adianta sentar-se horas na almofada ou se interessar pela conversa sobre jhānas, samādhis, satoris e iluminações.
No final das contas, não há começo de caminho sem prática moral, que nos ensinamentos do Buddha consiste de evitar ações por meio do corpo e da fala que possam prejudicar a si mesmo, o outro ou a ambos. Ações por meio da fala, por exemplo, cobrem a mentira deliberada, a calúnia (falar e espalhar coisas que se sabe não serem corretas), a fala maldosa (grosseira e rude destinada a rebaixar e denegrir o outro escolhido como oponente) e a fala inútil (o blábláblá incessante da língua com o objeito de causar confusão e perda de tempo para o ouvinte/leitor). Tais ações podem ser praticadas igualmente por pessoas que nunca entraram em contato com qualquer espiritualidade, como, por mais estranho inicialmente que possa ser, por pessoas que há anos leem ou se sentam quietamente em almofadas. Pessoas são humanas e falíveis e isso nada tem a ver com o caminho espiritual que resolvem seguir. Sem o aperfeiçoamento moral não importará para onde sigam, tudo será tingido por sua mente; e seus entendimentos e prática meditativa adquirirá a mesma fragrância.
“De todas as fragrâncias, aquela da virtude é a melhor“. Dhammapada 12