A visão intuitiva ou o que chamamos “ver o Dhamma” não é, de forma alguma, a mesma coisa que o pensamento racional. Ninguém jamais chegará a perceber o Dhamma por meio do pensamento racional. A visão intuitiva só pode ser obtida por meio de uma verdadeira compreensão interior. Por exemplo, suponha que estejamos numa situação na qual nós nos tornamos inconscientemente envolvidos com algo que, posteriormente, venha a nos causar sofrimento. Se, ao olharmos de perto o curso atual dos acontecimentos, nós nos tornamos genuinamente enfadados, desiludidos, desencantados com esse objeto, podemos considerar ter percebido o Dhamma ou ter obtido um claro insight. Essa clara intelecção pode desenvolver-se continuamente, até tornar-se perfeita e obter o poder de nos libertar de todas as coisas. Se uma pessoa recita em voz alta: “anicca, dukkha, anatta” ou examina essas características sem nunca ficar desencantado com as coisas, sem nunca perder o desejo de obter coisas ou de ser alguém, ou sem perder o desejo de agarrar-se às coisas, essa pessoa ainda não atingiu a visão clara. Resumindo, então, obter insight a respeito da impermanência, da insatisfatoriedade e do não-eu, significa compreender que nada vale a pena ter ou ser.
do capítulo II de A Causa do Sofrimento na perspectiva buddhista, de Ajahn Buddhadasa. Belo Horizonte: Edições Nalanda, 1998.
Vou mandar sim Ricardo. Obrigado pelas palavras de carinho, considero você um padrinho do blog Meditar. Que esta nossa conexão se amplie e que eu possa ter o mérito da sua presença.
Que seus objetivos se realizem assim como desejas!
Amor e paz!
É uma honra tê-lo visitando nosso blog, Márcio. Parabéns pelo seu ótimo blog. Se vc ainda não recebe nossos emails da lista [nalanda_informa] envie seu email q certamente se um dia formos a Salvador será um prazer encontrá-lo!
Querido Ricardo, obrigado por manter este espaço de grande sabedoria. Se por acaso vier a Salvador para alguma palestra ou mini retiro mantenha-me em contato. Forte abraço!
Tenham um bom retiro aí em Coimbra!
Vamos hoje para o nosso segundo “retiro sem mestre”. Vou tentar perceber se há um bocadinho pequenino a nascer da sabedoria. 🙂
Um abraço
Luís
Quem sabe, Luis, vc já é mais iluminado do que vc pensa? 😉 Agora, resta ver se o enfado se dirige ao ‘eu’ e nasce da sabedoria, ou se dirige às ‘coisas’ e nasce do tédio….
E este é só um trecho (maravilhoso!) de um dos melhores livros de buddhadhamma já publicados no Brasil…
O ego, que acreditamos ser essencial em toda a acção, é de facto um empecilho. E removendo os venenos mentais, que na verdade só causam atrito, resta apenas um fluir por todo o fluxo de interdependências. Manifesta-se todo o potencial, sem restrições, sem bloqueios.
Até consigo intuir qualquer coisa assim. Faz sentido. Parece perto mas distante… O que é que há pelo meio?
Acho que é quando nasce o agir natural e puro, mais motivado pelo todo. Da para perceber que foram embora os venenos mentais como a cobiça, o ódio e as ilusões. Mas requer treinamento, causas e condições. E o envolvimento pode ser até maior movido pela introspecção
Se ficar genuinamente enfadado com as coisas e sentir que nada vale a pena ter ou ser é o caminho então devo estar quase iluminado! 🙂
Mas é mesmo possível fazer as coisas sem envolvimento? De onde vem depois o entusiasmo, a energia para agir? A motivação?
Não é possível comentar.