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A Paz é Possível – 4

Ghosananda provê um vislumbre da natureza da vigilância em uma piada sobre suas próprias conquistas acadêmicas: “Ph.D. significa Person Has Dukkha (a Pessoa tem Dukkha)”. Quando o Buddha disse, no Primeiro Nobre Ensinamento: “Toda a vida é sofrimento”, ele estava apontando para dukkha. Uma forma de explicar novamente a Primeira Nobre Verdade poderia ser colocada como “tudo na vida aparece como sendo sofrimento”. Mesmo na melhor das circunstâncias não há ninguém que consiga escapar da abrangente insatisfatoriedade da vida”. Esse ensinamento buddhista em particular não significa, por exemplo, que minimizamos o terrível sofrimento experienciado pelas famílias de Phal e Ghosananda; ele simplesmente nos pede que olhemos mais profundamente para a natureza de nosso ser e para a natureza do sofrimento.

A coragem de até mesmo olhar para o sofrimento – ou para a verdade de nossas vidas de forma honesta – para não dizer “entender” o que os buddhistas estão dizendo, é o motivo de Ghosananda, com todas as suas conquistas acadêmicas, ter estudado numa floresta da Thailândia por nove anos durante o pior período dos bombardeamentos. Apesar das terríveis notícias sobre sua família, seu professor pediu a ele para “não chorar e ser vigilante”. Ghosananda tomou isso como ponto inicial de sua prática da vigilância: “Toda sua família, todos os seus amigos se foram [Ficaram no passado]. Ele pensou sobre o futuro e viu que era completamente desconhecido. Então decidiu fazer a única coisa que poderia fazer, que era cuidar do presente tão bem quanto fosse possível”. Como o entendimento buddhista de dukkha, o “momento presente” é um outro termo que corre o risco de ser reduzido a um clichê ou ser completamente mau entendido. Daí ser um imperativo buddhista o praticar e não apenas falar sobre a prática. Sem tal prática é quase impossível, como descobriu o professor zen americano Blanche Hartman , entender o que Ghosananda dizia quando falou: “Quando conhecer o sofrimento conhecerá o Nirvana”.

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