Lembrando o Gandhi do Camboja:
O Daily revela que os bombardeios de 18 de março não foram os primeiros a devastar a terra e seu povo; eles aconteciam desde 1965. A “Operação Cardápio” de 1969, com suas campanhas de “Café da Manhã, Almoço, Lanche, Jantar e Sobremesa” foi simplesmente uma escalada do que já havia começado em 1965. Em resumo, relata o Daily: “os bombardeiros B-52 de longo alcance voaram mais de 230.000 vezes por cima do Camboja e descarregaram mais de 2.75 milhões de toneladas de munição em mais de 113.000 regiões cambojanas … e mais que o peso total em toneladas de bombas lançadas pelas Forças Aliadas durante a Segunda Guerra Mundial, contando com as duas bombas atômicas usadas no Japão”.
Mann Phal, que era uma menina durante a época da Operação Cardápio, coloca a carne humana nas estatísticas do relato do Cambodian Daily: “Meu pai disse: ‘Filha, corra para a casamata, o avião está vindo’. Antes dela chegar lá, a casamata recebeu um golpe direto. A explosão esfacelou sua família em pedaços e lançou um pedaço da perna de seu pai para o alto de uma árvore. Os corpos de sua mãe e irmã abriram-se até as vísceras. Aquela bomba também fez penetrar lâminas ferventes na cabeça, pernas e braços de Phal … Phal sobreviveu [seu irmão carregou sua irmã inconsciente para a segurança] mas seu braço foi deixado balançando por pedaços de carne e osso, e mais tarde foi amputado. [Sua] avó retornou ao campo bombardeado … a fim de coletar as partes dispersas dos corpos [os pais de Phal e quatro de seus irmãos morreram], e enterrou-as juntas num único túmulo”.
O Daily termina seu artigo com uma citação final de Phal: “Se você trouxesse [o piloto americano que lançou as bombas] aqui hoje, eu bateria nele. Eu cortaria seu braço para colocá-lo em meu próprio corpo”.
[continua…]
© escrito por Anna Brown, Waging Nonviolence
© traduzido por Dhanapala sob permissão da autora