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O Céu em Springfield

Tudo a ver com ter um olhar interdependente cuidadoso, ou seja, um olhar que cuida de todas as relações, é o que escreve nosso amigo do Roda do Dharma: “Entre os japoneses, existe o hábito muito frequente de se dar uns aos outros envelopes com alguma quantia em dinheiro sempre em ocasiões especiais, sejam auspiciosas sejam pesarosas, como, por exemplo, em casamentos ou em funerais. Isto vem de uma consciência comunitária muito enraizada de que tudo que acontece com o outro também diz respeito a mim, e vice-versa. Como uma corrente que se mantém fortalecida sempre que todos se unem para poder fazer com que cada elo se mantenha também forte“.

Eu não estava consciente das razões desse costume. Consciência comunitária é o que nos falta em muito no Brasil. É o que nos falta no mundo. Os desejos sensoriais, a ambição, o “eu e meu eu” vão entrando na frente e no final temos uma crise ecológica imensa. Extinguimos espécies, poluímos a água que bebemos, modificamos nossos alimentos, atropelamos comunidades nativas. Lembram-se do filme dos Simpsons? É preciso um olhar de menina (a Lisa, que aliás é buddhista) para lembrar à população de Springfield sobre o que estão fazendo com seu mundo.

Igualmente interessantes são algumas colocações (na área de membros da comunidade nalanda) sobre o “valor da introspecção“: “…tenho a forte impressão de que o Buddha nos ensina a abordar as coisas do ponto de vista de suas causas/condições e conseqüências. No lugar do objeto estático que quer, deveríamos sempre analisar “por que”, “para que” e “o que causará” aquilo que queremos ter, ser ou fazer“. Ou “uma vez que somos um “nódulo de percepção”, quero dizer, percebemos tudo a partir desse corpo, onde se alojam nossos sentidos, então fica a impressão, a ilusão, de que somos o centro do universo e que tudo existe para nós. Quando as coisas não correm segundo essa percepção enganosa, sofremos“.

Ajahn Buddhadasa diz que “o céu surge no coração daquele que sem culpa é capaz de juntar as mãos em um ‘wai’ (prestar respeito, gassho em japonês) para si mesmo por ter feito o que deveria (cumprido seu dever) com correta consideração moral e assim sentir-se satisfeito consigo mesmo. Esse é o verdadeiro céu que existe aqui e agora. Todos os outros tipos de céus dependem desse céu“.

Marcações:

1 comentário em “O Céu em Springfield”

  1. Sabe que me lebrei que qdo meu primo faleceu de acidente, e uma das minhas tias tomou a iniciativa para que toda a família (que é grande – 14 irmãos) ajudasse com uma parte para o funeral, já que a mãe do menino é viúva e tem mais dois filhos, ouvi muitos outros tios reclamando, e dizendo que cada um tem as suas cruzes e que infelizmente não poderiam ajudar…
    Talvez o que falte em nossa cultura seja simplesmente AMOR.
    É sempre bom vir aqui.
    Namaste

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