Em última análise, pensar sobre a Educação Buddhista é preocupar-se com o que nossa tradição fez no passado (positiva e negativamente) e ser sábio com relação ao que necessita ser mudado e o que deve ser preservado para o futuro. Nesses sete pontos convido o leitor a também participar das reflexões, comentando na área apropriada.
1. Sustentar rituais mas não ocupar-se de seus significados sociais e espirituais mais profundos
Parte da explicação para a expansão do Buddhismo fora das fronteiras indianas é sua maleabilidade em adaptar-se às condições da região onde penetra. Isso tem um aspecto positivo, mas um negativo também; e nesse caso, com o decorrer de poucas gerações o Buddhismo local passa a incorporar costumes e práticas, como se lá estivessem desde a origem. Referindo a esse problema, John Snelling disse que “uma grande religião pode se tornar mais ou menos cortada das fontes de sua inspiração original” e que o sistema eclesiástico e “a hierarquia também se afirmam, e uma estrutura mundana acaba se orquestrando, atraindo grande riqueza e poder, os quais inevitavelmente levam a rivalidades, cismas, carreirismo, dogmatismo e assim por diante“.
Uma faceta dessa rigidez é a preservação de rituais que nem mesmo os oficiantes sabem o porquê de sua execução, ou, na melhor das hipóteses, as justificativas para seu “funcionamento” recaem em explicações quase mágicas e dependentes da crença dos praticantes (algo que o Kalama Sutta preservado pela tradição Theravada já chamava atenção a respeito). Numa época em que se fala tanto de ritos para “queimar karma” ou ritos para mortos, a tal ponto que certos templos são frequentados quase exclusivamente para este propósito – o grande mestre Haya Akegarasu chamava os templos de ‘mantenedores de cemitério’ e citava Shinran que dizia que “A forma externa é Buddhismo, mas a mente interna entrega-se à heresia” – é tarefa do praticante consciente refletir o quanto sua prática e seu templo dedicam-se a uma experiência viva do Dharma e não a uma manutenção de costumes ultrapassados ou que perderam seu significado original.
O que acham disso? Esse é um perigo para o Buddhismo ou para os praticantes? O que fazer?
Respondendo especificamente a pergunta do Ricardo : O Budismo corre risco como religião? – Eu diria que para os estudiosos e para os que tem acesso a um mestre ou professor sério, que poderá eliminar duvidas ou colocar nos trilhos qualquer desvio, O BUDISMO NÃO CORRE RISCO, porem para a grande massa que esta alheia “ao caminho espiritual” OS RISCOS PODERÃO SER COMPROMETEDORES.
Para os praticantes que já se decidiram por uma escola (tradição) e estão seguras da sua opção, serão eles os próprios responsáveis pelos seus riscos.
O que fazer: Ser o mais equilibrado e praticar sempre e um pouco mais do vem praticando, Meditar, meditar, meditar…
penso que há diversas implicações
ai, desde questões pessoais/particulares e coletivas.
mas antes de tentar argumentar sobre suas interrogações finais, prefiro esperar os outros 6 Desafios…para ver onde vai a carruagem…rs.
ana
O ritual foi uma das grandes invenções da mente humana que adiquiriu uma força sagrada supostamente imbativel. Tornou-se uma herança milenar que recebemos e que esta sendo passada a diante. Por isso a identificação com o ritual ainda continua tão presente na mente humana. Acredito que a importancia dada ao ritual começou entre os nossos ancestrais primatas de uma forma muito rudimentar diante de suas necessidades de sobrevivência. Com a evolução do pensamento humano; os rituais foram sendo melhor elaborados pelos homens para fins de controle das massas. Gerando civilizações dependentes de uma infinidade de rituais para o bem comum e principalmente em respeito, devoção, submissão as vontades dos deuses!!!!
Num mundo ideal, isto não ocorreria dentro da tradição Buddhista, visto que estes desvios e tendências foram previstos pelo próprio Buddha… mas estando no samsara…
Parece que esta simbiose se cria entre cleros que precisam sobreviver mal acostumados e praticantes que precisam de superficialidade para levar suas vidas…
Eu penso que poucas pessoas tem real disposição para tentar entender e praticar completamente aquilo que o Buddha ensinou. Ele mesmo não disse que isso seria assim? Cabe a estes poucos manter a vigilância e alertar e bradar e, hoje, graças ao poder de comunicação que temos, manter a união em torno disso. Mas a luta é eterna, eu acho…
Puxa, excelente (e sutilmente polêmico! rsrs) post. Obrigado pela reflexão.
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