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K. Sri Dhammananda

Faleceu no último dia 31 de agosto, K. Sri Dhammananda, o mais importante monge theravada atuando na Malásia. É difícil descrever o impacto e significado do Ven. Dhammananda na vida buddhista da Malásia. Respeitado igualmente pelas comunidades Theravadas, Mahayana e civil, o “Chefe”, como era conhecido, efetivamente dominou o cenário buddhista das últimas décadas. Suas obras educacionais, sociais, comunitárias, literárias (53 livros publicados) fizeram de K. Sri Dhammananda um ícone do Buddhismo da Malásia, país que escolheu para viver.

Na última vez que visitei a Malásia, tive a oportunidade de conhecer e conviver alguns dias com K. Sri Dhammananda em seu templo, o Buddhist Maha Vihara de Kuala Lumpur. O belo templo no estilo do Sri Lanka, seu país natal, é sustentado pela comunidade cingalesa e pela grande comunidade chinesa e na época era palco da reunião anual de jovens buddhistas. O trabalho com as crianças e jovens foi uma de suas bem sucedidas iniciativas, e como era bom ver jovens buddhistas de 8 a 20 anos se divertindo juntos (karaokes, teatro, brincadeiras) ao mesmo tempo que estudando o Dhamma através de palestras, discussões e atividades criativas. K. Sri Dhammananda não incentivava nada particularmente Theravada ou Mahayana, seu era um buddhismo universal, que tocava jovens e velhos, chineses, malaios e cingaleses. Ele levantava três dedos para cima e dizia que representavam os três ‘P’s: pariyatti (o aprendizado do Dhamma), patipatti (sua prática) e pativedha (penetrá-lo e realizar seu objetivo). “Se pudermos todos fazer essas três coisas, então não precisaremos ser conhecidos como Theravada, Mahayana ou Vajrayana. Todos esses ‘yanas’ são feitos pelo homem. O Dharma da não linguagem no final das contas, é entendido por todos os seres, não importando as escolas e tradições“.

Enquanto o encontro dos jovens se dava (o que durava uma semana no período das férias escolares), o “Chefe” já se encontrava doente. Num dos dias de minha estadia, ele foi levado ao hospital. Passei cerca de uma hora em seu quarto de hospital, juntamente com outros monges e discípulos laicos, entre conversas sobre o Dhamma, risadas e veladas preocupações por sua saúde. Por que era conhecido como “o Chefe”? Todas as escolas buddhistas o respeitavam e o consideravam sob sua influência e proteção. Seu porte avantajado, sua voz poderosa e sorriso sempre presente irradiavam uma serena autoridade que em breve se espalhou por todo o Buddhismo do sudeste asiático, particularmente da Malásia e Cingapura.

Há duas horas atrás começaram as cerimônias funerárias contando com cânticos das comunidades monásticas do Theravada, Mahayana e Vajrayana, seguido pela cerimônia de cremação. The Dharma of no language, escrito por Kooi Fong Lim pode ser lido por aqueles que queiram conhecer um pouco mais sobre sua vida. Fotos da cerimônia estão sendo colocadas por Jeff Ooi, em Sombre yet fulfilling e My Reverend (1919 – 2006). Pela iniciativa de Oon Yeoh, Lim Kooi Fong, Zan Azlee, Lee Yu Ban (meu amigo que tornou minha viagem por Kuala Lumpur tão agradável) e Wan Chun Hung, um documentário em video foi produzido sobre sua vida: “Webcast of Chief: The Life and Work of K Sri Dhammnanda”. O documentário foi exibido recentemente no 2006 Wesak International Film Festival (WIFF) e pode agora ser visto online.

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