Uma das maiores dificuldades que estudantes do Dhamma (skr. dharma) encontram nos dias atuais é a de distinguir a mensagem do Buddha dos inúmeros acréscimos e modificações porque passou no decorrer dos séculos. Por cima da mensagem clara e metódica do Buddhismo original, adaptações foram sendo feitas, algumas vezes por concessão à cultura local, aos sentimentos do povo comum, aos desejos das figuras de poder; outras vezes, adições foram feitas no sentido de tornar mais clara a mensagem original para um certo povo, adições que, com o tempo, elas mesmas se tornam ultrapassadas e mesmo enigmáticas para os novos tempos.
Enquanto que a filosofia num sentido mais antigo era o de busca do saber, seu sentido foi se modificando no ocidente, transformando-se em parte num jogo de perícia lingüística e retórica sobre hipóteses, não muito diferente, por vezes, da habilidade publicitária em convencer o consumidor de que seu produto é ‘realmente bom’.
Por outro lado, a ciência, que hoje também freqüentemente se confunde com mero lançar de hipóteses, fundamentalmente deveria ser uma busca da realidade (ou melhor dizendo, do ‘como funciona’) das coisas, interiores e exteriores. É em ambos esses sentidos que Ajahn Buddhadasa diz:
“O Buddha-Dhamma é, essencialmente, científico, e não filosófico. Mas as pessoas do mundo o estudam como sendo filosofia e, assim, não obtêm qualquer benefício dele.
A ciência é o estudo da natureza real das coisas, mas a filosofia é o estudo de hipóteses”.