
Buddhismo e hinduísmo se entrelaçam no cotidiano do Nepal. Cada aspecto da vida é acompanhado por uma divindade, uma festividade ou uma celebração. No coração do centro comercial de Kathmandu, entre vendedores de legumes, incensos e utensílios de cozinha, ergue-se o Templo de Annapurna, nome que homenageia a Deusa da Abundância. Anna (alimento) + pūrṇa (cheio, repleto) representa a necessidade mais básica de todas: todos os seres precisam comer, e essa é a maior dádiva que podemos desejar a quem quer que seja.

Bem próximo dali, surge o belo templo buddhista de Seto Macchindranath, dedicado a Avalokiteshvara, o bodhisattva da compaixão. Suas esculturas deslumbrantes retratam suas múltiplas manifestações, incluindo as formas vibrantes e coloridas de Tara. Em uma das imagens, ele aparece com seus inúmeros braços — sempre estendidos para auxiliar os seres —, enquanto outra exibe os instrumentos simbólicos (meios hábeis) usados para exercer a compaixão.
Fundado no século X, esse templo é um bom exemplo do sincretismo religioso entre hinduísmo e buddhismo no Nepal. Para os buddhistas, Seto Macchindranath é uma manifestação do bodhisattva da compaixão; para os hindus, trata-se de uma encarnação de Shiva, especialmente ligada às chuvas — o protetor contra as secas.
