
Há um ditado em Portugal que diz: “Para baixo, todo santo ajuda; mas para cima, só há um, e é coxo.”
365 degraus conduzem da base ao topo do Swayambhunath Stupa, um dos lugares mais sagrados do Nepal. Segundo a lenda do século XV, descrita no Swayambhu Purāṇa, o Vale de Kathmandu era outrora coberto por um imenso lago, onde brotou uma flor de lótus — e dela emanou espontaneamente uma luz (Swayambhu significa “autocriado”, e Nāth, “senhor”).
O bodhisattva Mañjuśrī, ao avistar essa luz extraordinária de longe, decidiu que, se drenasse as águas do lago, os seres humanos poderiam alcançá-la mais facilmente. Com seu poder, ele fendeu as montanhas, escoou a água, e o lótus transformou-se em colina, enquanto sua flor se tornou a stupa no cume.
Provavelmente Mañjuśrī, uma representação da Sabedoria, estava tão absorto em sua tarefa que negligenciou cortar os cabelos. Deles, nasceram piolhos, que se transformaram nos macacos sagrados que hoje habitam a montanha, venerados como protetores do local.

A stupa, com 36 metros de altura, ergue-se sobre uma colina de 77 metros, situada a 1.370 metros acima do nível do mar, um local de onde se pode ver parte de Kathmandu lá do alto.
Poderíamos subir um pouco mais? Sim. A 1.500 metros de altitude, em um vilarejo localixado a 16 km do centro de Kathmandu, um teleférico ascende as Chandragiri Hills em 13 minutos, até o topo, a 2.551 metros. Ali se encontra o Templo Bhaleshwor Mahadev, dedicado a Shiva, com sua arquitetura tradicional nepalesa e uma estátua do rei Prithvi Narayan Shah — que no século XVIII, que teria traçado seus planos de unificação do Nepal nesse local. O local também carrega outra importância histórica, tendo sido um antigo ponto de passagem das rotas comerciais entre Nepal e Índia.

Mas o verdadeiro esplendor reside na vista panorâmica do Vale de Kathmandu e da cordilheira do Himalaya, com o Monte Everest, Langtang e Annapurna, entre outros, destacando-se no horizonte. É um espetáculo contemplar tantos gigantes do mundo reunidos.

Poderíamos subir mais? Sim, poderíamos voar.
