Dando continuidade ao tema da Não-Dualidade…
O Vinaya é claro em que qualquer ação deve ser determinada segundo cinco fatores: objeto, percepção, intenção, esforço e resultado. Dependendo da interrelação destes cinco fatores a regra será ajustada de acordo. Por exemplo, o Buddha determinou que matar um ser humano envolve imediata expulsão da Sangha (o mesmo ocorrendo com o roubo e o intercurso sexual). Isso é chamado de regra parajika. Se o monge entretanto mata um cachorro, apesar de a ação de matar ser a mesma, tal ação cairá na regra pacittiya, menos grave, e não levará à expulsão imediata. Isso porque parajika envolve matar um ser humano e não simplesmente matar. A mudança do objeto faz mudar a regra. O mesmo pode ser dito de cada um dos outros quatro fatores. Com isso vemos que as regras variam conforme a motivação e mais outros fatores ainda.
No tocante à regra de celibato, isso é algo que o monge voluntariamente aceita antes de sua entrada no monasticismo. Nada tem a ver com algum temor neurótico ao sexo oposto ou ao sexo em si, mas com as regras da comunidade que deseja fazer parte, e que ele aceita prévia e voluntariamente. Como um exemplo, no Theravada temos a estória de Ambapali, uma cortesã incrivelmente bela e sensual. Ao conhecer o Buddha ela fica maravilhada com sua presença e o convida para uma refeição em sua casa. O Buddha aceita. Não há qualquer temor pelas mulheres. Nascendo a confiança no Buddha, ela então doa seu maravilhoso jardim e constroi um mosteiro para o Buddha e seus discípulos, beneficiando, por gerações, inúmeros seres. Mais tarde, tornando-se uma arahant, ela se torna num modelo de virtude e sabedoria. Não se sabe quantos ela iluminou após ter se tornado iluminada, mas muito certamente não o fez durante favores sexuais, como a literatura não-dualista faz crer nas estórias em que supostas gueixas-bodhisattvas usam de sua cama como cenário para o despertar de seus clientes. Como vimos, o modo Theravada de incentivar o ‘sair de si mesmo’ é mostrando aos seres seu sofrimento fazendo assim crescer a compaixão…