Essa capacidade de apreensão do universal nas experiências particulares, mencionada na folha anterior, abre a possibilidade para o conhecimento do Dhamma enquanto lei natural. Esse dhamma é aquele que é capaz de nos tirar da aparente insignificância dos gestos e circunstâncias cotidianas, revelando o que há de importante na experiência.
Aqui chegamos a um dos enganos mais espalhados dentro da comunidade buddhista, qual seja, o de que a mera observação ou ‘plena atenção’ ao momento presente constitui uma prática integral, como se o mero observar do lavar pratos pudesse trazer à consciência uma sabedoria efetivamente libertadora. Essa ‘plena atenção’ à experiência naquilo que ela tem de particular e circunstancial nada tem a ver com aquilo que o romano Marcus Aurelius se referia quando dizia: “He who sees what is now has seen all things, whatsoever comes to pass from everlasting and whatsoever shall be unto everlasting time“, ou com aquilo que o Buddha esperava que seus discípulos praticassem.
Enfim, quando a natureza e suas leis, ou em outras palavras, quando os dhammas e suas interações são descobertos, nasce, então, algo do qual o homem que verdadeiramente vê, não pode escapar sob pena de destruir sua integridade espiritual, que é….